No sábado, 7 de junho de 2025, a capital colombiana, Bogotá, foi cenário de um violento atentado contra o senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência pelo partido de direita Centro Democrático. Aos 39 anos, Uribe foi baleado durante um comício no bairro Fontibón, zona oeste da cidade, atingido por disparos na nuca e na coxa. O político foi levado às pressas para a Fundação Santa Fé, onde passou por cirurgias de emergência e permanece internado em estado crítico, com prognóstico reservado. Um adolescente de 15 anos, detido no local com uma pistola Glock 9 mm, é o principal suspeito de executar o ataque. O caso, que chocou o país, reacende o spectre da violência política na Colômbia e levanta questões sobre a segurança de lideranças públicas e a estabilidade democrática, valores essenciais para uma sociedade que busca ordem e progresso.
Miguel Uribe, neto do ex-presidente Julio César Turbay (1978-1982) e filho da jornalista Diana Turbay, assassinada em 1991 pelo Cartel de Medellín, é uma figura proeminente da direita colombiana. Formado em Direito pela Universidade de Los Andes e com mestrado em Administração Pública por Harvard, Uribe construiu uma carreira marcada por sua oposição ao presidente Gustavo Petro, criticando a deterioração da segurança e propostas de reformas trabalhistas. Eleito senador em 2022 com a maior votação do país, anunciou sua pré-candidatura à Presidência em outubro de 2024, consolidando-se como uma esperança para o Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (sem parentesco). Sua trajetória, marcada por uma tragédia familiar, reflete um compromisso com a luta contra a violência, o que torna o atentado ainda mais emblemático.
O ataque ocorreu por volta das 17h, horário local, enquanto Uribe discursava em um parque. Vídeos divulgados mostram o momento em que disparos interrompem o evento, com o senador caindo ensanguentado e sendo socorrido por apoiadores. Segundo a Procuradoria-Geral, Uribe foi atingido por dois tiros, e outras duas pessoas ficaram feridas. O suspeito, um menor de 15 anos, foi baleado na perna por seguranças do senador e está internado sob custódia. Autoridades acreditam que o adolescente pode ter sido instrumentalizado por mandantes, com hipóteses apontando para grupos criminosos ou motivações políticas. O governo colombiano ofereceu uma recompensa de US$ 729 mil (cerca de R$ 4 milhões) por informações sobre os responsáveis intelectuais, e mais de 100 investigadores foram mobilizados para esclarecer o caso.
A Colômbia tem um histórico sombrio de violência política, com assassinatos de candidatos presidenciais como Luis Carlos Galán (1989), Bernardo Jaramillo Ossa e Carlos Pizarro Leongómez (1990). O atentado contra Uribe remete a esses episódios, especialmente o de Galán, alvejado em um comício de forma semelhante. O presidente Petro condenou o ataque, classificando-o como “um atentado contra a democracia” e prometendo investigações rigorosas, incluindo a análise do esquema de segurança do senador. “A Colômbia não pode voltar aos dias de violência política”, afirmou. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também repudiaram o ato, expressando solidariedade à família de Uribe.
A esposa do senador, María Claudia Tarazona, pediu orações e descreveu o marido como “lutando por sua vida”. Apoiadores realizaram vigílias em Bogotá, enquanto o ex-presidente Álvaro Uribe chamou o ataque de “um golpe contra uma esperança da pátria”. O caso ocorre em um momento de tensão política, com Uribe criticando abertamente a tentativa de Petro de implementar uma reforma trabalhista por decreto, o que gerou acusações de autoritarismo. Embora não haja evidências públicas de ameaças específicas contra Uribe, sua posição como opositor ferrenho da esquerda e do narcotráfico o colocava em uma posição de destaque em um país onde a segurança permanece frágil.
O atentado contra Miguel Uribe Turbay expõe as cicatrizes de um país que, apesar de avanços, ainda enfrenta desafios para garantir a segurança de seus líderes e cidadãos. A rápida detenção do suspeito é um alento, mas a busca pelos mandantes e a recuperação do senador serão determinantes para o futuro político da Colômbia, que se prepara para as eleições de 2026.