O partido Chega, fundado em 2019 por André Ventura, consolidou-se como a segunda maior força política de Portugal nas eleições legislativas antecipadas de 18 de maio de 2025, alcançando 22,56% dos votos e 58 cadeiras no Parlamento, empatado com o Partido Socialista (PS). Apesar de não vencer o pleito, que foi liderado pela coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD) com 32,72% dos votos e 89 assentos, o crescimento do Chega marca o avanço da ultradireita no país. Ventura, conhecido por discursos nacionalistas e críticas à imigração e à corrupção, celebrou o resultado como o fim do bipartidarismo português.
As eleições de 2025, a terceira em três anos, foram convocadas após a rejeição de uma moção de confiança contra o primeiro-ministro Luís Montenegro (AD), suspeito de irregularidades envolvendo uma empresa de consultoria, segundo a Reuters. Embora a AD tenha mantido a liderança, o fortalecimento do Chega complica a formação do novo governo, já que Montenegro descartou alianças com Ventura, a quem classificou como “pouco confiável”. O Chega, que em 2019 obteve apenas 1,3% dos votos, cresceu exponencialmente, capitalizando o descontentamento com escândalos de corrupção, como o que derrubou o ex-premiê socialista António Costa em 2023, e com políticas migratórias de “portas abertas”. Ventura, formado em Direito e ex-comentarista esportivo, tem atraído eleitores jovens por meio de redes sociais, como Instagram e TikTok, e conta com o apoio de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que gravou mensagens endossando sua campanha em 2024.
A polêmica envolvendo Lula remonta a 7 de março de 2024, durante um comício em Olhão, no Algarve, às vésperas das eleições legislativas daquele ano. Ventura declarou que, caso se tornasse primeiro-ministro, impediria a entrada do presidente brasileiro nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 2024, afirmando: “Se insistir, vai para uma cadeia, mas ele já sabe o que é isso, não será uma grande novidade para ele.” A fala, que aludia aos 580 dias de prisão de Lula em Curitiba até 2019, foi aplaudida por apoiadores.
A ameaça de Ventura reflete sua postura antissistema e anticorrupção, que também incluiu críticas ao primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, cuja entrada em Portugal ele prometeu limitar. Em 2023, durante uma visita de Lula a Lisboa para o 25 de abril, o Chega organizou protestos e tentou atrapalhar o discurso do presidente no Parlamento português.
O crescimento do Chega, defende penas mais duras, como castração química para criminosos, e o fim de políticas migratórias liberais.