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Hamas Planejava Ataque de 7 de Outubro para Impedir Normalização entre Israel e Arábia Saudita, Revelam Documentos

Documentos internos do Hamas, recuperados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) em túneis de Gaza e analisados pelo The Wall Street Journal, revelam que o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel foi estrategicamente planejado para sabotar as negociações de normalização entre Israel e Arábia Saudita. As atas de uma reunião do bureau político do Hamas, realizada em 2 de outubro de 2023, citam o então líder do grupo em Gaza, Yahya Sinwar, afirmando que um “ato extraordinário” era necessário para impedir o progresso do acordo, que ele acreditava estar “avançando significativamente”. Sinwar alertou que a normalização entre Jerusalém e Riad “abriria a porta para a maioria dos países árabes e islâmicos seguirem o mesmo caminho”, marginalizando a causa palestina. A revelação, confirmada por fontes de inteligência árabe, expõe as motivações políticas por trás do ataque que matou cerca de 1.200 pessoas e desencadeou uma guerra devastadora, reforçando a necessidade de abordar conflitos regionais com diplomacia fundamentada em fatos e estabilidade.

Os documentos, datados de 2022 e 2023, mostram a crescente preocupação do Hamas com o avanço das negociações mediadas pelos Estados Unidos, que buscavam integrar a Arábia Saudita aos Acordos de Abraão, firmados em 2020 com países como Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Em uma reunião secreta de agosto de 2022, líderes do Hamas declararam ser seu “dever” combater a “onda de normalização” que, segundo eles, visava “liquidar a causa palestina”. Sinwar, que foi morto pelas forças israelenses em outubro de 2024, via o acordo como uma ameaça existencial, pois fortaleceria a posição de Israel na região e reduziria o apoio árabe aos palestinos. Um relatório de setembro de 2023 recomendava intensificar a violência na Cisjordânia e em Jerusalém para dificultar as negociações, enquanto um anúncio de vaga de outubro de 2022 buscava um estrategista para liderar campanhas contra a normalização.

O ataque de 7 de outubro, que envolveu cerca de 6.000 militantes do Hamas invadindo o sul de Israel, resultou na morte de 1.200 pessoas, no sequestro de 251 reféns e no início de uma guerra que devastou Gaza, com mais de 53.000 mortos, segundo autoridades locais. A ofensiva interrompeu abruptamente as negociações entre Israel e Arábia Saudita, que incluíam garantias de segurança americanas para Riad e passos para a autodeterminação palestina. Durante uma visita a Riad em 14 de maio de 2025, o presidente Donald Trump reconheceu a pausa nas negociações, sugerindo que a Arábia Saudita poderia normalizar laços com Israel “no seu próprio tempo”. A Arábia Saudita, por sua vez, condicionou a retomada das conversas a um cessar-fogo em Gaza e a avanços concretos para a criação de um Estado palestino, refletindo a pressão interna por solidariedade com os palestinos.

As atas também indicam que o Hamas esperava apoio de grupos aliados ao Irã, como o Hezbollah, embora tanto Teerã quanto o grupo libanês tenham evitado um conflito direto em grande escala. Fontes de inteligência citadas pelo The Wall Street Journal confirmam que o Irã aprovou o plano em uma reunião em Beirute no mesmo dia 2 de outubro, fornecendo armas, treinamento e financiamento, mas detalhes cruciais do ataque foram mantidos em segredo pela ala militar do Hamas. A estratégia do grupo parece ter alcançado seu objetivo imediato, ao menos temporariamente, ao congelar as negociações de normalização e reacender o foco na questão palestina, mas ao custo de uma guerra catastrófica que intensificou o sofrimento em Gaza e complicou a dinâmica regional.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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