O Governo de Mato Grosso do Sul deu um passo ousado para revitalizar o setor leiteiro com o lançamento do Proleite MS, anunciado em 10 de abril de 2025, durante a Expogrande, em Campo Grande. Considerado o mais abrangente plano estadual já criado para o segmento, o programa destinará R$ 70 milhões ao longo de dois anos para fortalecer pequenos e médios produtores em 22 municípios que formam os polos leiteiros do estado. Com foco em tecnologia, capacitação e sustentabilidade, a iniciativa busca aumentar a produção em até 4 million liters anuais, melhorar a qualidade do leite e garantir renda estável para quem vive do campo.
A proposta nasceu de um esforço conjunto com a Câmara Setorial da Cadeia do Leite, que mapeou os desafios enfrentados pelos produtores, como baixa produtividade, sazonalidade e alta informalidade. O governador Eduardo Riedel, presente no evento, destacou a importância de ouvir o setor. “Conheço os desafios dessa atividade. Este programa foi construído com quem entende do leite, para criar um ambiente onde o produtor prospere com dignidade”, afirmou, reforçando que o plano combina apoio técnico com incentivos práticos para transformar a realidade rural.
Um dos pilares do Proleite é o melhoramento genético do rebanho. Em parceria com o Senar-MS, serão investidos R$ 4,3 milhões na distribuição de 2 mil doses de inseminação artificial, 1.200 embriões, 276 bezerras, 106 novilhas prenhes e 45 touros reprodutores até 2026, beneficiando cerca de 600 propriedades. Outro acordo, com a Associação de Criadores de Girolando, prevê R$ 4,95 milhões para fornecer matrizes leiteiras de alta qualidade. Essas ações visam produzir vacas mais eficientes, com leite mais nutritivo, reduzindo custos e aumentando a competitividade.
O programa também apoia a indústria láctea por meio do Subprograma de Incentivo, que oferece benefícios fiscais e operacionais para modernizar laticínios e diversificar produtos, como queijos e iogurtes. Hoje, cerca de 50% da capacidade industrial do estado está ociosa, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), devido à falta de matéria-prima. Para resolver isso, o Extra Leite, outro braço do Proleite, destinará R$ 62,1 milhões em incentivos diretos aos produtores que adotarem boas práticas, com R$ 22,8 milhões no primeiro ano e R$ 39,2 milhões no segundo.
A assistência técnica é uma prioridade, especialmente para quem produz menos de 100 litros diários. Em colaboração com o Sebrae-MS, o governo oferecerá consultoria e capacitação, além de incentivar a adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (e-SISBI), facilitando a comercialização legal do leite. Um decreto assinado durante o lançamento, parte do PACPOA-MS, reforça o apoio à venda de produtos de origem animal, ampliando o mercado para os produtores locais.
O Proleite MS chega em um momento crítico, com a produção leiteira enfrentando quedas de até 48% no inverno, segundo estudos do setor, devido a problemas nutricionais e logísticos. A iniciativa é vista como uma resposta a essas dificuldades, com potencial para triplicar a produtividade em cinco anos, segundo o secretário Jaime Verruck. Para os produtores, como Alessandro Coelho, do Núcleo de Girolando, o programa é uma esperança há tempos aguardada. “O leite perdeu espaço no estado, mas agora temos um plano sólido para recuperar nosso lugar”, declarou.