Em uma decisão anunciada em 9 de abril de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a política comercial do país ao aumentar as tarifas sobre importações chinesas para 125%, com efeito imediato. A medida, justificada pela Casa Branca como resposta à falta de cooperação da China nos mercados globais, marca uma escalada nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, Trump autorizou uma pausa de 90 dias nas tarifas mais altas impostas a mais de 75 países que não retaliaram contra as políticas americanas, reduzindo suas taxas para um nível uniforme de 10% durante esse período. A estratégia reflete um equilíbrio entre pressão econômica e abertura para negociações, com impactos já sentidos nos mercados financeiros globais.
A nova tarifa contra a China, que eleva o custo de bens importados de Pequim, foi uma reação direta à decisão chinesa de impor tarifas retaliatórias de 84% sobre produtos americanos horas antes. A troca de medidas intensifica um embate comercial que começou na semana anterior, quando Trump anunciou tarifas amplas sobre importações de mais de 180 países, incluindo uma taxa base de 10% e taxas recíprocas que variavam de 11% a 50% para 90 nações consideradas “infratoras” por práticas comerciais desleais. A China, que já enfrentava uma sobretaxa de 34% além de 20% relacionados ao combate ao tráfico de fentanil, agora vê suas exportações ao mercado americano sob uma das maiores barreiras tarifárias da história recente.
A pausa de 90 dias para outros países foi apresentada como um incentivo ao diálogo. Trump destacou que mais de 75 nações, incluindo parceiros importantes como Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia, entraram em contato com autoridades americanas para negociar acordos comerciais. “Países que não retaliaram estão mostrando disposição para trabalhar conosco. Essa pausa é uma chance de corrigirmos desequilíbrios sem prejudicar quem quer negociar de boa-fé”, disse o presidente em um evento na Casa Branca, ao lado de pilotos de automobilismo. A redução temporária para 10% abrange a maioria dos parceiros comerciais, com exceção de China, Canadá e México – os dois últimos devido a tarifas específicas ligadas a questões de imigração e tráfico de drogas.
Os mercados reagiram imediatamente à notícia. Após dias de quedas expressivas, Wall Street registrou uma recuperação histórica em 9 de abril, com o índice S&P 500 subindo 9,5%, o Nasdaq avançando 12,16% e o Dow Jones saltando quase 3 mil pontos, ou 7,87%. No Brasil, o Ibovespa fechou com leve queda de 0,04%, a 131.141 pontos, beneficiado pela tarifa reduzida de 10% aplicada ao país, considerada branda em comparação com outras nações. O dólar caiu globalmente, atingindo o menor nível em três anos, a US$ 1,1038 frente ao euro, refletindo a incerteza inicial e o alívio com a pausa.
A China, por sua vez, respondeu com firmeza. O presidente Xi Jinping, em encontro com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez em Pequim, alertou que “não há vencedores em guerras comerciais” e que as tarifas americanas podem isolar os EUA internacionalmente. A imprensa estatal chinesa reforçou o tom, afirmando que o país “lutará até o fim” para proteger seus interesses, enquanto o Ministério do Comércio chinês anunciou que as tarifas retaliatórias de 84% entrarão em vigor a partir de 10 de abril. Economistas alertam que a escalada pode prejudicar cadeias globais de suprimento, elevar preços de bens de consumo e aumentar o risco de recessão, com previsões do Goldman Sachs apontando 45% de chance de uma crise econômica nos próximos 12 meses.
No cenário doméstico americano, a decisão dividiu opiniões. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, defendeu a estratégia como um movimento calculado para forçar negociações, alegando que Trump planejou a pausa desde o início para pressionar a China. Líderes empresariais, como Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, expressaram cautela, reconhecendo o potencial de turbulência econômica, mas destacando a resiliência do setor financeiro. Já o senador democrata Chuck Schumer criticou a abordagem, afirmando que Trump “cedeu à pressão após causar caos nos mercados”. No exterior, a União Europeia, que evitou tarifas mais altas ao adiar suas próprias medidas retaliatórias, viu a pausa como uma “porta aberta” para negociações, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A política tarifária de Trump, que inclui a manutenção de taxas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, reflete uma visão de soberania econômica que apela a setores da base eleitoral americana, mas preocupa aliados globais. No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou para possíveis impactos nas exportações, embora o agronegócio possa se beneficiar de um real desvalorizado. Enquanto o prazo de 90 dias avança, o mundo observa se a estratégia de Trump levará a acordos comerciais mais equilibrados ou a uma guerra comercial prolongada, especialmente com a China, que mostra poucos sinais de recuo.