Kevin O’Leary, conhecido investidor do programa Shark Tank, voltou a causar polêmica ao propor tarifas de 400% sobre produtos chineses em uma entrevista à CNN em 8 de abril de 2025. O empresário canadense, que também é chairman da O’Leary Ventures, justificou sua posição acusando a China de práticas comerciais desleais que, segundo ele, prejudicam os Estados Unidos há décadas. “Eles estão na Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 2001 e nunca respeitaram as regras. Trapaceiam, roubam propriedade intelectual, fabricam e vendem de volta aqui”, declarou, apontando para um sistema que, em sua visão, favorece Pequim em detrimento de empresas americanas.
O’Leary, que já havia defendido tarifas altas em outras ocasiões, intensificou seu discurso ao criticar a inação de governos anteriores. “Ninguém enfrentou a China – nem os europeus, nem administrações americanas por décadas. Eu faço negócios lá e estou farto. Falo por milhões de americanos que tiveram sua propriedade intelectual roubada”, disse ele. Para o investidor, o objetivo não é apenas punir, mas forçar uma negociação direta com o presidente chinês, Xi Jinping. “Quero Xi em um avião para Washington para equilibrar o jogo. Não é só sobre tarifas, é sobre usar o poder econômico dos EUA enquanto ainda o temos”, afirmou, destacando que os EUA representam 25% do PIB global e 39% do consumo mundial, uma vantagem que ele acredita ser temporária.
A proposta de O’Leary surge em meio a uma escalada na guerra comercial entre EUA e China. Em 2 de abril, o presidente Donald Trump anunciou tarifas de 10% sobre mais de 180 países, com taxas adicionais de até 34% para a China, que subiram para 125% em 9 de abril após retaliações chinesas de 84%. O investidor, no entanto, considera as medidas atuais insuficientes. “Tarifas de 104% ou 125% não bastam. Precisamos de 400% para atingir setores com muitos empregos na China. Xi só se mantém no poder se o povo estiver empregado. Vamos pressionar até que ele ceda”, argumentou, sugerindo que o colapso econômico forçado traria Pequim à mesa de negociações em 48 horas.
A China, por sua vez, mantém uma postura firme. O Ministério do Comércio chinês declarou que “não há vencedores em guerras comerciais” e que o país “lutará até o fim” para proteger seus interesses, enquanto Xi Jinping, em encontro com o premiê espanhol Pedro Sánchez em 8 de abril, alertou que as tarifas americanas poderiam isolar os EUA globalmente. Apesar disso, O’Leary insiste que a dependência chinesa do mercado americano dá aos EUA uma vantagem estratégica. “Somos o maior mercado consumidor do planeta. Se fecharmos as portas, a economia deles desmorona”, afirmou, rejeitando preocupações sobre os impactos domésticos das tarifas, como inflação ou aumento de preços ao consumidor.
O discurso de O’Leary reflete uma visão de confronto direto, alinhada com sua experiência como empreendedor que já viu produtos de suas empresas sendo copiados na China sem possibilidade de recurso legal. Sua proposta, embora extrema, encontra eco entre setores que clamam por proteção contra a concorrência desleal, mas também levanta debates sobre os custos de uma guerra comercial prolongada. Enquanto os mercados globais oscilam com cada novo anúncio de tarifas, a pressão por uma solução definitiva entre as duas potências econômicas só aumenta.