O deputado estadual Junior Mochi (MDB) encerrou, em 9 de abril de 2025, uma série de audiências públicas realizadas em diversos municípios de Mato Grosso do Sul para discutir os problemas da concessão da rodovia BR-163, administrada pela CCR MSVia. Os encontros, promovidos pela Assembleia Legislativa do estado (ALEMS), contaram com significativa presença de moradores, lideranças locais e autoridades, que expressaram indignação com a paralisação das obras de duplicação e os altos custos dos pedágios. Após ouvir as demandas da população, Mochi anunciou que encaminhará um relatório detalhado ao Ministério Público Federal (MPF), pedindo providências contra as irregularidades apontadas na gestão da rodovia.
As audiências foram realizadas ao longo de meses em cidades impactadas pela BR-163, como Coxim, Dourados e Campo Grande, reunindo um coro de vozes que cobram o cumprimento do contrato firmado em 2013 entre a CCR MSVia e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A rodovia, essencial para o escoamento da produção agropecuária do estado, deveria ter sido totalmente duplicada até 2018, mas apenas 150 dos 845 quilômetros previstos receberam as melhorias prometidas. Mochi destacou a frustração dos cidadãos: “A população esperava uma estrada segura e moderna, mas o que temos são pedágios caros e obras inacabadas. Isso não pode continuar sem resposta.”
O relatório apresentado por Mochi na tribuna da ALEMS na sessão de 9 de abril compila depoimentos, dados financeiros e denúncias sobre a concessionária. Ele questionou os lucros bilionários da CCR MSVia – estimados em mais de R$ 2 bilhões desde o início da concessão, segundo cálculos baseados em relatórios da ANTT – enquanto os investimentos previstos ficaram aquém do esperado. A deputada Mara Caseiro (PSDB), que acompanhou todas as audiências, reforçou o sentimento de revolta: “É um descaso com o povo sul-mato-grossense. Pagamos caro por um serviço que não foi entregue.” Já Gleice Jane (PT) sugeriu uma mobilização mais ampla, envolvendo deputados federais e outros setores, para pressionar por soluções.
A BR-163 é uma artéria vital para Mato Grosso do Sul, conectando o norte ao sul do estado e facilitando o acesso ao porto de Santos (SP). No entanto, a falta de duplicação tem sido associada a acidentes frequentes – em 2023, foram registrados mais de 300 colisões na rodovia, segundo o Corpo de Bombeiros estadual – e a prejuízos econômicos, como atrasos no transporte de grãos. Mochi criticou ainda a exclusão de parlamentares estaduais em uma audiência promovida pela ANTT em dezembro de 2024, classificando-a como uma tentativa de abafar o debate público. “Essa discussão pertence ao povo, e não pode ser tratada a portas fechadas”, afirmou.
O encaminhamento ao MPF representa uma esperança de que as irregularidades sejam investigadas e que a CCR MSVia seja cobrada a cumprir suas obrigações ou até mesmo perder a concessão, como já defendem alguns setores. A forte participação popular nas audiências demonstra o peso da rodovia na vida cotidiana dos sul-mato-grossenses e a determinação de buscar uma solução que honre os compromissos assumidos há mais de uma década. O próximo passo depende agora da análise do Ministério Público e da pressão contínua de lideranças locais.
