No Dia dos Jornalistas, celebrado em 7 de abril de 2025, a profissão ganha destaque como uma força essencial no combate às fake news, um desafio que ameaça o direito humano à informação e a própria democracia. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil apontam que, em um mundo inundado por conteúdos falsos, o jornalismo profissional se destaca como um bastião de credibilidade, oferecendo estratégias práticas para reconquistar a confiança da sociedade e neutralizar o avanço da desinformação. A data, instituída há 115 anos pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), reforça a relevância de uma imprensa ética e bem estruturada em tempos de disputa pela atenção do público.
A revolução digital, que democratizou o acesso e a produção de conteúdo no final do século 20, trouxe benefícios, mas também abriu espaço para a proliferação de notícias falsas. Sílvia Dal Ben, pesquisadora de doutorado na Universidade do Texas, em Austin, explica que o apelo das fake news muitas vezes reside em sua estética sensacionalista e em narrativas simplistas, que exploram o que ela chama de “espírito de achaque”. Para combater isso, ela sugere que os jornalistas adotem formatos visualmente atraentes, similares aos usados em postagens virais, mas preenchidos com informações verificadas e bem apuradas. “A estética é a forma, mas o conteúdo precisa ser profissional. É isso que define o jornalismo”, afirma a pesquisadora, que acumula três prêmios Esso por seu trabalho em direitos humanos.
Fabiana Moraes, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), reforça que o jornalismo já tem se adaptado, utilizando estratégias que imitam a aparência das fake news, mas com um compromisso inabalável com a verdade. Ela cita exemplos de veículos que produzem materiais responsáveis com linguagens acessíveis, capazes de competir com a desinformação no mesmo terreno digital. Para Moraes, o diferencial está na profundidade: enquanto as notícias falsas apostam na superficialidade, o jornalismo profissional deve priorizar a apuração rigorosa e o contexto, oferecendo ao público algo que as redes sociais raramente entregam.
Samira Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), destaca a força única da profissão: o compromisso com a verdade e a responsabilidade pública. “Quando o jornalismo traduz temas complexos de forma clara, com sensibilidade e ética, ele constrói confiança. E essa confiança é o que vence o ruído das mentiras”, argumenta. Ela enfatiza que a credibilidade, forjada por anos de consistência, é o maior trunfo da categoria em um cenário onde a atenção da sociedade é disputada por influenciadores e conteúdos manipuladores. Para Castro, o caminho passa por dar aos profissionais tempo e recursos para produzir informação de qualidade, em vez de ceder à pressão por rapidez e audiência.
O debate ganha urgência diante de estatísticas preocupantes. Em 2022, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou 557 ataques a profissionais da imprensa, um aumento de 23% em relação ao ano anterior, muitos ligados à cobertura eleitoral. Esse ambiente hostil, aliado à facilidade de espalhar desinformação nas redes, exige que o jornalismo se reinvente sem perder seus fundamentos. Especialistas concordam que a solução não está apenas na tecnologia ou na repressão, mas na valorização de uma imprensa que eduque e informe, servindo como um contrapeso às narrativas distorcidas que ameaçam a coesão social.