O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou em 4 de abril de 2025 uma proposta significativa do líder vietnamita To Lam, Secretário-Geral do Partido Comunista do Vietnã, para eliminar tarifas sobre produtos americanos em troca de um acordo comercial com os EUA. Em uma publicação em sua plataforma Truth Social, Trump descreveu a conversa telefônica como “muito produtiva”, destacando que Lam expressou a vontade de reduzir as tarifas vietnamitas a zero, desde que um entendimento recíproco seja alcançado. “Eu o agradeci em nome do nosso país e disse que espero encontrá-lo em breve”, acrescentou o presidente, sinalizando um possível avanço nas relações comerciais entre as duas nações.
A iniciativa surge em resposta às tarifas recíprocas impostas por Trump em 2 de abril, que incluíram uma taxa de 46% sobre importações vietnamitas – uma das mais altas da lista que abrange mais de 180 países. O Vietnã, que exportou US$ 136,6 bilhões em bens para os EUA em 2024, segundo o USTR, depende fortemente do mercado americano, o que torna a proposta de Lam uma tentativa de mitigar os impactos econômicos dessas sobretaxas. Em contrapartida, o governo vietnamita também pediu que os EUA apliquem taxas similares às exportações do Vietnã, conforme nota publicada no portal oficial do país, sugerindo uma negociação baseada em benefícios mútuos.
A ligação entre Trump e Lam, confirmada por ambos os lados, ocorre em um momento crítico. Após o anúncio das tarifas, o índice VN-Index do Vietnã caiu 8,1%, refletindo o temor de perdas em setores como vestuário, eletrônicos e calçados, que abastecem grandes marcas americanas como Nike e Apple. Para reforçar sua posição, o Vietnã enviou o vice-primeiro-ministro Ho Duc Phoc aos EUA entre 6 e 16 de abril para liderar as tratativas, enquanto Lam solicitou um adiamento de 45 dias na implementação das tarifas, conforme reportado pelo The New York Times. Trump aceitou um convite para visitar o Vietnã, indicando que as negociações podem ganhar tração em breve.
A proposta de zerar tarifas reflete uma mudança estratégica do Vietnã, que nos últimos anos se consolidou como um polo manufatureiro alternativo à China, beneficiando-se de um superávit comercial com os EUA que atingiu US$ 123 bilhões em 2024. Apesar disso, a Casa Branca, por meio do conselheiro comercial Peter Navarro, alertou que a oferta de tarifas zero pode não ser suficiente, apontando barreiras não tarifárias, como subsídios e suposta manipulação cambial, como questões pendentes. O diálogo entre os dois líderes sugere que o Vietnã está disposto a ceder em troca de alívio econômico, mas o sucesso dependerá da capacidade de Trump equilibrar sua agenda protecionista com os interesses de um parceiro estratégico no Sudeste Asiático.