No domingo, 6 de abril de 2025, milhares de apoiadores do partido Reunião Nacional (RN) lotaram as ruas de Paris em uma manifestação contra a decisão judicial que declarou Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, inelegível por cinco anos, efetivamente a excluindo da eleição presidencial de 2027. O protesto, convocado pelo presidente do RN, Jordan Bardella, de 29 anos, ocorreu na Place Vauban, próxima ao Palácio dos Inválidos, e reuniu uma multidão que, segundo estimativas extraoficiais, variou entre dezenas de milhares e mais de 100 mil pessoas. A mobilização reflete a indignação de seus seguidores diante do que chamam de “execução política” e um ataque à democracia.
A condenação de Le Pen, anunciada em 31 de março pelo Tribunal Correcional de Paris, veio após ela ser considerada culpada de desviar cerca de 4,1 milhões de euros em fundos do Parlamento Europeu entre 2004 e 2016. A pena inclui quatro anos de prisão – dois em regime domiciliar com pulseira eletrônica e dois suspensos – uma multa de 100 mil euros e a inelegibilidade imediata, que impede sua participação em cargos públicos até 2030, salvo reversão em recurso. Le Pen, que liderava as pesquisas com 34% a 37% das intenções de voto para 2027, segundo o Ifop, classificou a sentença como um “escândalo democrático” e prometeu lutar, inspirando-se em figuras como Martin Luther King Jr. “Não cruzarei os braços”, afirmou ela no comício, denunciando “mentiras, calúnias e julgamentos forjados”.
Apoiadores de Le Pen, liderados por Bardella, que emergiu como possível substituto na corrida presidencial, ergueram bandeiras tricolores e gritaram slogans como “pela soberania popular”. “Não é uma manifestação contra juízes, mas pela democracia”, declarou Sébastien Chenu, vice-presidente do RN, embora tenha chamado a decisão de “injusta”. Do lado oposto, a esquerda acusou a extrema-direita de atacar o Estado de direito, com o França Insubmissa destacando a gravidade dos desvios comprovados. A polarização foi evidente, com a França dividida entre os que veem a condenação como justiça e os que a consideram uma tentativa de silenciar uma força política ascendente.
O impacto internacional também foi notável, com líderes como Matteo Salvini e Viktor Orbán expressando solidariedade a Le Pen, enquanto uma sondagem mostrou que 49% dos franceses desejam que ela dispute 2027, um aumento de sete pontos em um mês. A batalha judicial de Le Pen segue para um recurso, mas o prazo apertado até as eleições torna sua candidatura incerta, deixando o RN em um momento de redefinição estratégica em meio a um cenário político em ebulição.
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