O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, está prestes a declarar o fim da era da globalização em um discurso agendado para segunda-feira, 7 de abril de 2025, conforme antecipado pelo jornal The Times. A fala vem como resposta às tarifas recíprocas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2 de abril, que abalaram os mercados globais e reacenderam debates sobre o futuro do comércio internacional. Starmer deve afirmar que “a globalização não funciona para muita gente trabalhadora” e que, embora “não acreditemos que guerras comerciais resolvam” os problemas, “há outro caminho” a ser seguido, marcando uma mudança significativa na postura britânica frente à economia global.
O premiê reconhece a decisão de Trump como um marco: “O presidente Trump tomou uma decisão que não apoiamos, mas sabemos por que tanta gente está com ele. O mundo mudou, entramos numa nova era.” A declaração reflete uma tentativa de compreender o apelo do “economic nationalism” de Trump, que impôs taxas de 10% a 50% sobre mais de 180 países, incluindo 10% ao Reino Unido, em uma política batizada de “Dia da Libertação”. Starmer parece buscar um equilíbrio entre rejeitar o protecionismo americano e entender o descontentamento popular com o modelo globalizado, que, segundo ele, deixou muitos trabalhadores para trás.
A posição de Starmer é respaldada por ações práticas. Nos próximos dias, o governo britânico planeja anunciar medidas para impulsionar o crescimento econômico interno, como a redução de regulamentações para fabricantes de veículos elétricos e a aceleração da estratégia industrial do Partido Trabalhista, liderada pela chanceler Rachel Reeves. Em vez de retaliar com tarifas próprias, o Reino Unido aposta em fortalecer sua competitividade doméstica e buscar novos acordos comerciais, como os previstos com Índia e Austrália. Isso ocorre em meio a previsões sombrias: o Office for Budget Responsibility projeta um crescimento de apenas 0,7% para a economia britânica em 2025, vulnerável às tensões comerciais globais.
A mudança de tom de Starmer ecoa críticas históricas à globalização, que, desde o colapso da União Soviética em 1991, prometeu prosperidade, mas também gerou desigualdades e deslocamento de empregos, especialmente em nações industrializadas como o Reino Unido. O premiê deve enfatizar que o país não aderirá a uma guerra comercial – uma visão compartilhada em conversas com o presidente francês Emmanuel Macron em 5 de abril, quando ambos concordaram que “um conflito tarifário não beneficia ninguém”. A estratégia britânica, portanto, foca em adaptar-se a um mundo “governado por acordos e alianças”, como Starmer escreveu no The Sunday Telegraph, em vez de regras multilaterais fixas.