Rumeysa Ozturk, uma estudante turca de doutorado na Universidade Tufts, em Massachusetts, foi detida por agentes federais do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) na terça-feira, 25 de março de 2025, em Somerville, perto de seu apartamento. A operação, capturada por câmeras de segurança, mostra oficiais à paisana, alguns com rostos cobertos, abordando-a enquanto ela seguia para um jantar de quebra de jejum do Ramadã. O Departamento de Segurança Interna (DHS) justificou a ação afirmando que investigações apontaram que Ozturk “se envolveu em atividades de apoio ao Hamas”, grupo classificado como organização terrorista estrangeira pelos EUA.
Ozturk, que estava no país com um visto F-1 para estudantes e era bolsista Fulbright, teve seu visto revogado, segundo o DHS, que declarou: “Um visto é um privilégio, não um direito. Glorificar ou apoiar terroristas que matam americanos é motivo para a revogação.” Após a detenção, ela foi transferida para o Centro de Processamento do ICE no sul da Louisiana, em Basile, a cerca de 2.400 quilômetros de Massachusetts, apesar de uma ordem judicial da juíza federal Indira Talwani, emitida na mesma noite, exigindo que ela não fosse removida do estado sem notificação prévia de 48 horas. O governo alegou que a transferência ocorreu antes da ordem ser formalmente recebida.
A estudante, que cursava doutorado em Estudos da Infância e Desenvolvimento Humano, era conhecida por coautorar, em março de 2024, um artigo no jornal estudantil Tufts Daily criticando a resposta da universidade às demandas por desinvestimento em empresas ligadas a Israel e pelo reconhecimento do que chamou de “genocídio palestino”. Não há evidências públicas detalhando outras atividades específicas de apoio ao Hamas, mas seu nome apareceu recentemente no site Canary Mission, que lista indivíduos acusados de promover “ódio contra os EUA, Israel e judeus” em campi universitários. O DHS não forneceu provas concretas ao público até o momento.
O caso ocorre em um contexto de crescente pressão do governo Trump contra ativistas ‘pró-Palestina’ em universidades americanas. O Secretário de Estado Marco Rubio confirmou a revogação de pelo menos 300 vistos desde janeiro, visando estudantes estrangeiros que, segundo ele, “tornam-se ativistas sociais” em vez de apenas estudar. A embaixada turca em Washington afirmou estar acompanhando o caso e buscando garantir os direitos consulares de Ozturk, que permanece detida enquanto o processo legal avança.
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