A polícia irlandesa, conhecida como Gardaí, está considerando acusar Conor McGregor, ex-campeão do UFC, de “incitação ao ódio” por comentários feitos em redes sociais em novembro de 2023, logo após ele anunciar sua intenção de concorrer à presidência da Irlanda em 2025. A investigação ganhou destaque em 23 de março de 2025, dias depois de McGregor formalizar sua candidatura durante uma visita à Casa Branca, onde criticou as políticas migratórias do governo irlandês. O caso remonta a postagens feitas após um ataque a faca em Dublin, no qual um imigrante argelino, Riad Bouchaker, esfaqueou três crianças e uma cuidadora fora de uma escola primária em Parnell Square, desencadeando os maiores tumultos na capital em anos.
O incidente ocorreu em 23 de novembro de 2023, deixando uma menina de cinco anos em estado crítico e gerando revolta pública. Na véspera, McGregor postou no X: “Irlanda, estamos em guerra”, reagindo a uma notícia sobre imigrantes votando em eleições locais. Após o ataque, ele criticou a resposta do governo e da polícia, afirmando que havia “perigo grave” no país e que a falta de ação era “inaceitável”. Embora tenha condenado os tumultos que se seguiram, seus comentários estão sob escrutínio do National Bureau of Criminal Investigation (NBCI), que enviou um dossiê ao Diretor de Promotoria Pública (DPP) para avaliar se incitaram ódio ou violência, um crime que pode levar a até sete anos de prisão sob as leis irlandesas.
A iniciativa da Gardaí coincide com o anúncio de McGregor, em 20 de março de 2025, de que concorreria à presidência com uma plataforma anti-imigração, prometendo rejeitar o pacto migratório da União Europeia e dar mais poder ao povo irlandês. O timing levantou especulações de que a investigação poderia ser uma resposta política à sua entrada na corrida presidencial, que exige o apoio de 20 parlamentares ou quatro conselhos locais para se concretizar — um desafio diante de sua baixa popularidade em pesquisas (8% em 2023, segundo o Irish Independent). O governo, liderado por Micheál Martin, já havia condenado suas falas como “desgraçadas” em 2023, e líderes como o Tánaiste Simon Harris reiteraram em março de 2025 que “McGregor não fala pela Irlanda”.
A investigação está em andamento, sem prisões até o momento, e o DPP decidirá se as postagens de McGregor cruzaram os limites legais. Enquanto isso, o caso reflete tensões crescentes sobre imigração na Irlanda, que viu 141.600 chegadas no ano até abril de 2023, segundo o Central Statistics Office, em meio a uma crise habitacional e debates sobre segurança pública.
