Em uma decisão anunciada em 21 de março de 2025, o governo dos Estados Unidos proibiu a ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, de entrar no país, citando seu “envolvimento em corrupção significativa” durante seu tempo no cargo. A sanção, assinada pelo Secretário de Estado americano, Marco Rubio, também se estende a seus familiares diretos, incluindo seu filho Máximo Kirchner, deputado no Congresso argentino, e sua filha Florencia Kirchner, bem como ao ex-ministro do Planejamento Julio Miguel De Vido e sua família. A medida foi justificada como parte de um esforço para promover a responsabilização de autoridades que abusam do poder público para ganho pessoal.
Cristina Kirchner, que governou a Argentina de 2007 a 2015 e foi vice-presidente de 2019 a 2023, tem enfrentado múltiplas acusações de corrupção ao longo dos anos. Em 2022, ela foi condenada a seis anos de prisão e inabilitada perpetuamente para cargos públicos no caso conhecido como “Vialidad”, que investigou fraudes em contratos de obras rodoviárias durante sua presidência. A sentença, confirmada por um tribunal de apelação em novembro de 2024, apontou que ela direcionou mais de 1 bilhão de dólares em fundos públicos a empresas associadas sem licitação adequada. Kirchner nega as acusações, alegando perseguição política, e planeja recorrer à Suprema Corte argentina.
O Departamento de Estado dos EUA destacou que Kirchner e De Vido “orquestraram e se beneficiaram financeiramente de esquemas de suborno envolvendo contratos de obras públicas, resultando em milhões de dólares roubados do governo argentino”. Rubio enfatizou que a decisão reflete o compromisso americano em combater a corrupção global, especialmente em altos escalões governamentais. A medida também é vista como um sinal de apoio ao atual presidente argentino, Javier Milei, um aliado ideológico de Donald Trump, que assumiu a presidência dos EUA em janeiro de 2025.
A proibição gerou reações polarizadas na Argentina. Kirchner respondeu em uma nota pública, questionando a legitimidade da sanção e acusando os EUA de interferência, enquanto convocava apoiadores para um protesto em 24 de março, data que marca a memória do golpe militar de 1976. Seus aliados no Partido Justicialista, que ela preside, veem a ação como um ataque à esquerda latino-americana. Por outro lado, opositores celebraram, com Milei ironizando a ex-presidente em redes sociais, sugerindo que a decisão enterra o “kirchnerismo”.
A sanção ocorre em um momento delicado para a Argentina, que negocia com o Fundo Monetário Internacional (FMI) uma dívida herdada da gestão anterior. Enquanto Kirchner segue influente na oposição, sua situação jurídica e agora a restrição internacional podem limitar suas movimentações políticas e pessoais, afetando inclusive sua família.