A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, fez uma declaração contundente em 20 de março de 2025, afirmando que a migração em massa representa uma ameaça significativa à vida cotidiana na Europa. Em entrevista ao portal Politico, a líder social-democrata alinhou-se parcialmente às ideias do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que, em um discurso na Conferência de Segurança de Munique em fevereiro de 2025, classificou a migração como o maior desafio enfrentado pelo continente europeu, superando até mesmo a Rússia.
Frederiksen, conhecida por sua postura firme em questões migratórias, destacou que “considero essa migração em massa para a Europa como uma ameaça à vida diária na Europa”. Ela enfatizou que o controle das fronteiras é essencial para garantir a segurança das comunidades locais, argumentando que a imigração desregulada impacta diretamente os mais vulneráveis, seja por meio de estatísticas de criminalidade ou de pressões no mercado de trabalho. “Se perguntar às pessoas sobre segurança, muitas dirão que a Rússia é a principal preocupação agora. Mas segurança também é sobre o que acontece na sua comunidade local”, afirmou, reforçando a necessidade de políticas que protejam o dia a dia dos cidadãos.
A posição da primeira-ministra ecoa o discurso de Vance, que criticou os líderes europeus por ignorarem as demandas populares por maior controle migratório. “Nenhum eleitor neste continente foi às urnas para abrir as portas a milhões de imigrantes não verificados”, disse o vice-presidente americano em Munique, apontando para movimentos como o Brexit e a ascensão de líderes que prometem frear a migração. Frederiksen, embora discorde de Vance sobre a prioridade da Rússia como ameaça — ela a considera o maior risco externo à Europa —, encontrou um ponto de convergência na visão de que a imigração descontrolada mina valores fundamentais e a estabilidade social.
Sob sua liderança desde 2019, a Dinamarca implementou algumas das políticas migratórias mais rígidas da Europa, como a chamada abordagem “zero refugiados”. Medidas incluem campanhas negativas em países de origem para desencorajar migrantes, confisco de bens para custear estadias e leis “anti-gueto” que limitam a proporção de residentes de origem estrangeira em certos bairros. Em 2021, o país aprovou uma lei que permite transferir requerentes de asilo para centros fora da União Europeia, como Ruanda, uma proposta que enfrentou críticas da Comissão Europeia. Tais ações reduziram drasticamente o número de pedidos de asilo, com apenas 864 aprovados entre 2019 e 2024.
A postura de Frederiksen, uma socialista que combina defesa do modelo de bem-estar escandinavo com rigor na imigração, a diferencia de outros líderes de esquerda na Europa, como o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que resistem a políticas linha-dura. Sua abordagem tem garantido apoio doméstico, com os sociais-democratas alcançando 28% dos votos nas eleições de 2022, o melhor resultado em duas décadas. Enquanto isso, organizações de direitos humanos criticam suas políticas como discriminatórias, mas Frederiksen insiste que controlar a migração é um pilar essencial para preservar a igualdade de oportunidades e o sistema de benefícios sociais que define a Dinamarca.
O alinhamento com Vance, figura chave da administração Trump, ocorre em um momento delicado nas relações entre Copenhague e Washington, após ameaças de Trump de anexar a Groenlândia, território autônomo dinamarquês. Frederiksen rejeitou tais insinuações, afirmando que “a Groenlândia não está à venda”, mas mantém o diálogo com os EUA, um aliado histórico. Suas declarações sobre migração sugerem uma convergência pragmática com a visão americana de soberania e segurança, mesmo em um contexto de profundas diferenças ideológicas.