Em 20 de março de 2025, Conor McGregor, ex-campeão do UFC e uma das figuras mais conhecidas da Irlanda, anunciou oficialmente sua candidatura à presidência do país para as eleições que devem ocorrer até 11 de novembro de 2025. O lutador, de 36 anos, fez o anúncio em um post no Instagram para seus mais de 46 milhões de seguidores, prometendo ser a “voz do povo” e dissolver o Dáil Éireann — a câmara baixa do Parlamento irlandês — caso eleito, como medida para combater o que ele descreve como corrupção sistêmica. “Como presidente, tenho o poder de convocar o Dáil e dissolvê-lo. Terei todas as respostas que o povo da Irlanda busca desses ladrões do trabalhador”, declarou, reiterando uma postura populista que vem marcando seus discursos desde setembro de 2024.
McGregor, nascido em Dublin, posicionou-se como um crítico feroz do establishment político irlandês, acusando o governo de abandonar os cidadãos em favor de agendas como o Pacto de Migração da União Europeia, que ele promete submeter a referendo se vencer. “Não é minha escolha nem do governo, é a escolha do povo da Irlanda! Sempre!”, escreveu, enfatizando um governo mais responsivo às demandas populares. Ele também atacou os políticos atuais, chamando-os de “charlatães” que prejudicam os trabalhadores, as famílias e as pequenas empresas, ecoando sentimentos anti-imigração e antiglobalistas que ganharam força em suas falas recentes, como as feitas na Casa Branca em 17 de março ao lado de Donald Trump.
A presidência da Irlanda, embora majoritariamente cerimonial, concede ao titular o poder constitucional de dissolver o Dáil sob certas condições, geralmente a pedido do Taoiseach (primeiro-ministro). McGregor interpreta essa prerrogativa como uma ferramenta para “parar o trem” da corrupção, uma visão que especialistas como David Kenny, da Trinity College Dublin, consideram juridicamente exagerada, já que o presidente não tem autonomia para agir unilateralmente sem respaldo governamental. Para concorrer, McGregor precisa do apoio de pelo menos 20 membros do Oireachtas ou de quatro conselhos municipais, um desafio significativo dado o domínio de partidos estabelecidos hostis à sua plataforma.
A candidatura ocorre em um momento de tensões sociais na Irlanda, com a imigração líquida atingindo níveis recordes (141.600 chegadas até abril de 2023, segundo o Central Statistics Office) e protestos contra a acomodação de refugiados.
Seu anúncio foi recebido com entusiasmo por apoiadores, mas também com críticas do primeiro-ministro Micheál Martin, que o acusou de não representar o espírito irlandês. A campanha de McGregor promete agitar o cenário político até novembro.