Em 15 de março de 2025, o Pentágono anunciou o envio do destroyer USS Gravely, um navio de guerra da classe Arleigh Burke, ao Golfo da América, em uma missão incomum para reforçar a segurança na fronteira sul dos Estados Unidos. A operação, iniciada a partir da Estação Naval de Armas de Yorktown, na Virgínia, é parte da resposta do Departamento de Defesa à ordem executiva do presidente Donald Trump, assinada logo após sua posse, que visa combater o tráfico de drogas, especialmente de fentanil, proveniente do México, além de conter a migração irregular por vias marítimas. O navio opera sob o comando do U.S. Northern Command (NORTHCOM) e conta com uma equipe de destacamento da Guarda Costeira (LEDET) a bordo para missões de interdição.
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O USS Gravely, que retornou em julho de 2024 de uma deployment de nove meses no Mar Vermelho, onde enfrentou drones e mísseis dos rebeldes Houthis, está equipado com mísseis Tomahawk e sistemas avançados de radar, capacidades que excedem as dos tradicionais cortadores da Guarda Costeira usados nessas águas. O Pentágono informou que o destroyer patrulhará tanto águas internacionais quanto territoriais americanas no Golfo do México — renomeado “Golfo da América” por Trump em um de seus primeiros atos no cargo —, mas não entrará em águas mexicanas. O porta-voz do Departamento de Defesa, Sean Parnell, declarou que a missão busca “restaurar a integridade territorial e proteger a soberania dos EUA”, destacando a importância de controlar as rotas marítimas.
A decisão gerou reações variadas. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou em 17 de março que foi informada previamente sobre o deslocamento e que a operação não representa uma ameaça ao país, pois se limita a águas internacionais e ao combate ao narcotráfico, alinhado a esforços mexicanos semelhantes. Já o regime cubano, por meio do chanceler Bruno Rodríguez Parrilla, condenou a presença do navio próximo às suas águas territoriais, alegando que ela compromete a estabilidade regional. O Pentágono não respondeu diretamente às críticas de Havana, mas enfatizou que a missão é focada em segurança interna dos EUA.
O general Alexus Grynkewich, diretor de operações do Estado-Maior Conjunto, detalhou que o Gravely trabalhará em parceria com a Guarda Costeira para interceptar embarcações suspeitas de transportar drogas e outros itens ilícitos. Embora a Guarda Costeira costume liderar essas operações, o uso de um destroyer da Marinha sugere uma demonstração de força, possivelmente para intimidar cartéis mexicanos, que Trump classificou como organizações terroristas estrangeiras em janeiro de 2025. A presença do navio também coincide com a retórica do presidente sobre “retomar” o Canal do Panamá, embora o Pentágono negue planos de alterar a postura militar na região panamenha.
A duração exata da missão não foi revelada, mas o NORTHCOM indicou que o Gravely pode permanecer no Golfo por vários meses, dependendo das necessidades operacionais. A iniciativa reflete uma mudança na estratégia americana, que agora emprega ativos militares de alta potência em uma área geralmente patrulhada por forças leves, sinalizando uma postura mais agressiva contra o crime transnacional na administração Trump.