Derek Heggie, um ex-boxeador britânico de 41 anos, conhecido como “Decca” no mundo do boxe sem luvas, foi condenado a 46 semanas (aproximadamente 10 meses e duas semanas) de prisão em 13 de dezembro de 2024, por publicar vídeos no YouTube considerados “grosseiramente ofensivos”. A sentença foi proferida pelo juiz Nicholas Barker no Tribunal da Coroa de Carlisle, após Heggie se declarar culpado por enviar comunicações de natureza ofensiva sob a Lei de Comunicações Maliciosas de 1988. Os vídeos, postados entre 2 e 8 de agosto de 2024, continham declarações como “jovens brancas estão sendo estupradas por essas gangues de grooming que veneram o profeta Maomé”, direcionadas a imigrantes muçulmanos, em um contexto de tumultos nacionais desencadeados pelo assassinato de três crianças em Southport, em 29 de julho de 2024.
O tribunal ouviu que Heggie, residente de Welsh Road, Harraby, Carlisle, produziu os vídeos em meio a uma onda de agitação civil no Reino Unido, marcada por protestos e violência após o ataque em Southport. O promotor Tim Evans destacou que um dos vídeos alcançou quase 500.000 visualizações, ampliando seu alcance em um momento de tensão social. O juiz Barker afirmou que Heggie pretendia que suas mensagens fossem “amplamente disseminadas” e “grosseiramente ofensivas, especialmente para aqueles de fé muçulmana”, classificando-as como “altamente inflamatórias” e motivadas por “atitudes racistas”. A pena reflete a política de tolerância zero do governo britânico contra conteúdos online que possam incitar desordem, com Heggie devendo cumprir 40% da sentença antes de ser libertado sob licença.
No entanto, alguns britânicos, especialmente em círculos conservadores, defendem que Heggie apenas destacou fatos sobre crimes reais de gangues de grooming, um problema documentado no Reino Unido. Um relatório da Quilliam Foundation de 2017, por exemplo, apontou que 84% dos condenados por esse crime entre 2005 e 2017 eram de origem asiática, frequentemente paquistanesa, o que dá respaldo parcial às suas declarações, embora sem justificar o tom generalizante e ofensivo.
A condenação de Heggie reacende debates sobre os limites da liberdade de expressão no Reino Unido. Enquanto o judiciário viu suas palavras como um ataque deliberado em um momento de vulnerabilidade nacional, seus apoiadores argumentam que ele foi punido por expor uma realidade inconveniente, evidenciando uma suposta justiça desigual. O caso destaca a tensão entre segurança pública e direitos individuais em um país que tem intensificado a repressão a discursos inflamatórios online.
