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Estudo da USP Questiona Eficácia de Máscaras na Covid-19 e Aponta Correlação com Excesso de Mortalidade

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), publicado em 12 de março de 2025 na revista BMC Public Health, analisou dados de 24 países europeus entre 2020 e 2021 e concluiu que o uso de máscaras não reduziu a transmissão da Covid-19 em nível populacional. Assinado por Daniel V. Tausk, do Departamento de Matemática, e Beny Spira, do Departamento de Microbiologia, o trabalho também identificou uma correlação positiva entre o uso prolongado de máscaras e o excesso de mortalidade ajustado por idade, levantando hipóteses sobre possíveis efeitos adversos à saúde.

A pesquisa comparou países com diferentes abordagens quanto ao uso de máscaras. Nações do sul da Europa, como Itália, Espanha e Portugal, que implementaram regras rígidas de obrigatoriedade desde a primavera de 2020, registraram taxas mais altas de excesso de mortalidade — Itália com 133 mortes por 100 mil habitantes, Espanha com 111 e Portugal com 100, segundo dados da OMS de 2022. Em contraste, países nórdicos como Suécia (56 por 100 mil), Dinamarca (32) e Noruega (-1) apresentaram índices melhores, apesar de uma adesão significativamente menor às máscaras — em média, 7,7 vezes inferior à do sul europeu, conforme o estudo. A Suécia, em particular, destacou-se por evitar lockdowns e regras rígidas, optando por recomendações voluntárias, o que gerou debates sobre a eficácia de medidas restritivas.

Os autores sugerem que o uso prolongado de máscaras pode ter contribuído para o agravamento de casos ao promover a reinalação de partículas virais, além de possíveis contaminações por bactérias e fungos em ambientes quentes e úmidos, ou pela redução de oxigênio no ar inalado. Contudo, eles enfatizam que o estudo é observacional, baseado em análises retrospectivas, e não estabelece causalidade direta entre o uso de máscaras e o aumento de mortes. “Não detectamos apenas uma correlação, mas fizemos uma análise multivariada ajustando variáveis de confusão”, afirmou Tausk, destacando a metodologia, embora reconheça que ensaios clínicos randomizados seriam necessários para conclusões definitivas.

A Suécia, frequentemente citada como exemplo de abordagem menos intervencionista, teve um excesso de mortalidade de 56 óbitos por 100 mil habitantes entre 2020 e 2021, inferior a países com políticas rígidas, como França (63) e Alemanha (116), segundo a OMS. Fatores como menor densidade populacional, taxas reduzidas de obesidade e um sistema de saúde robusto podem ter contribuído para esse desempenho, além da baixa adesão às máscaras. No entanto, críticos apontam que o estudo da USP ignora variáveis contextuais, como diferenças na gravidade das ondas de infecção e na capacidade hospitalar, que influenciaram os resultados entre nações.

Os achados ecoam revisões sistemáticas anteriores que questionaram a eficácia das máscaras em nível populacional, mas contrariam evidências de estudos laboratoriais que demonstram sua capacidade de reduzir a disseminação de partículas virais em ambientes controlados. A USP, por meio do Instituto de Ciências Biomédicas, esclareceu que as conclusões não refletem um posicionamento institucional, destacando que há amplo respaldo científico à utilidade das máscaras na pandemia. O debate reacende reflexões sobre as políticas adotadas e a necessidade de mais pesquisas para esclarecer os impactos reais dessas medidas.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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