O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que na terça-feira, 18 de março de 2025, realizará uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir o fim da guerra na Ucrânia, conflito que já ultrapassa três anos. A declaração foi feita a jornalistas a bordo do Air Force One, na noite de domingo, 16 de março, durante o retorno de Trump da Flórida para Washington. Segundo ele, os temas centrais da conversa incluirão a divisão de terras, o controle de usinas de energia e a partilha de ativos, como parte de um esforço para avançar nas negociações de um cessar-fogo.
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Trump revelou que “muito trabalho foi feito no fim de semana” e expressou otimismo sobre as chances de sucesso. “Quero ver se conseguimos acabar com essa guerra. Talvez possamos, talvez não, mas acho que temos uma boa chance”, afirmou. A proposta em pauta prevê um cessar-fogo inicial de 30 dias, já aceito pela Ucrânia na semana anterior, durante tratativas em Jeddah, na Arábia Saudita, com delegados americanos. O presidente americano destacou que as discussões sobre “dividir certos ativos” já estão em andamento entre as partes envolvidas, incluindo Ucrânia e Rússia, com foco especial na usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada por forças russas desde 2022 e considerada a maior da Europa.
O Kremlin confirmou a ligação na segunda-feira, 17 de março, mas não detalhou a agenda, limitando-se a dizer que os líderes abordarão o conflito. A iniciativa de Trump vem após uma pausa temporária no envio de ajuda militar americana à Ucrânia no início do mês, uma decisão que ele justificou como necessária para pressionar Kiev a “fazer a coisa certa”. O governo ucraniano, por meio do presidente Volodymyr Zelensky, acusou Putin de prolongar o conflito, afirmando que o líder russo já conhecia a proposta de trégua há uma semana e que “cada dia de guerra significa vidas humanas”.
A menção a terras e usinas reflete a complexidade das negociações. A Rússia controla cerca de 18% do território ucraniano, incluindo partes das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, anexadas ilegalmente em 2022, além da Crimeia, ocupada desde 2014. A usina de Zaporizhzhia, localizada no sul da Ucrânia, é um ponto estratégico, responsável por cerca de 20% da eletricidade do país antes da guerra, e seu controle tem sido disputado em meio a temores de um acidente nuclear. Enquanto Trump sinaliza disposição para negociar concessões territoriais e energéticas, Zelensky mantém que a soberania ucraniana não é negociável, rejeitando qualquer reconhecimento das áreas ocupadas como russas.