O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou no sábado, 15 de março de 2025, planos para mobilizar civis como resposta à crescente “ameaça russa”, descartando a volta do serviço militar obrigatório devido à falta de infraestrutura adequada. Em declarações publicadas por jornais regionais após uma entrevista gravada na sexta-feira, Macron afirmou que a reintegração da conscrição, abolida em 2001, não é “uma opção realista”, citando a ausência de logística suficiente para suportar tal medida. Em vez disso, ele propôs explorar formas de engajar a sociedade civil para enfrentar crises, prometendo detalhes em um anúncio nas próximas semanas. A decisão reflete uma abordagem pragmática, mas também levanta questões sobre a capacidade da França de se defender em um cenário de incertezas globais.
A iniciativa surge em um contexto de intensas discussões na Europa sobre a segurança coletiva, amplificadas pelas recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que insistiu que os países europeus devem assumir a responsabilidade por sua própria defesa. Macron destacou a necessidade de fortalecer a mobilização social diante da agressão russa, especialmente após avanços militares de Moscou na Ucrânia e tensões crescentes na região. Dados recentes indicam que a Rússia mantém cerca de 1,5 milhão de soldados ativos, uma força que supera a da França, que conta com aproximadamente 200 mil militares, segundo o Ministério da Defesa francês. Essa disparidade reforça a percepção de que a logística para um serviço militar amplo está comprometida.
Embora Macron tenha descartado a conscrição obrigatória, ele não detalhou como a mobilização civil seria estruturada, sugerindo apenas que envolveria a preparação da população para crises. Historicamente, a França já explorou ideias semelhantes, como o serviço voluntário proposto em 2017, que enfrentou resistência das forças armadas devido a custos e falta de organização. Especialistas em defesa, citados pela imprensa, apontam que a falta de logística inclui desde a escassez de quartéis e equipamentos até a necessidade de treinamento em massa, desafios que tornam a conscrição inviável no curto prazo. Para quem observa com atenção, a decisão pode ser vista como um esforço para preservar a estabilidade interna e a tradição de uma defesa adaptada às circunstâncias, em vez de recorrer a medidas amplamente disruptivas.
A proposta de Macron também ocorre em um momento de pressão internacional, com a OTAN debatendo seu papel diante da possibilidade de uma redução no apoio americano. Enquanto alguns veem a mobilização civil como uma solução criativa para engajar a nação, outros questionam se ela será suficiente para deter uma ameaça percebida como crescente, especialmente sem uma força militar robusta por trás. A ausência de um plano concreto até agora sugere que a estratégia ainda está em desenvolvimento, o que pode ser interpretado como uma resposta cautelosa a uma narrativa de crise que nem todos aceitam como iminente.