A Amazônia está sendo desmatada para a construção de uma estrada destinada a facilitar o acesso à Cúpula do Clima COP30, que ocorrerá em Belém, Brasil, em novembro de 2025, segundo reportagem da BBC publicada em 12 de março de 2025. A estrada, conhecida como Avenida Liberdade, abrange mais de 13 quilômetros (8 milhas) e corta uma área protegida da floresta tropical, levantando críticas de ambientalistas e moradores locais que veem a medida como uma contradição aos objetivos da conferência, que busca reduzir emissões e proteger a biodiversidade. A obra, que inclui máquinas desmatando áreas úmidas e empilhando toras, faz parte de 30 projetos de infraestrutura para preparar a cidade para receber cerca de 50 mil participantes, incluindo líderes mundiais.
Moradores como Claudio Verequete, que vive a cerca de 200 metros da estrada, relatam impactos diretos em suas vidas. Ele perdeu sua fonte de renda ao ver árvores de açaí, que sustentavam sua família, serem derrubadas, e afirma não ter recebido compensação do governo estadual do Pará. Verequete também expressa preocupação de que a nova via possa atrair mais desmatamento, como a construção de postos de gasolina ou armazéns, deslocando comunidades locais. Cientistas, como a veterinária e pesquisadora Silvia Sardinha, alertam que a estrada fragmentará ecossistemas, dificultando a migração de animais selvagens e reduzindo áreas de soltura para animais reabilitados.
O governo brasileiro, por meio do presidente e do ministro do Meio Ambiente, defende que a COP30 será histórica por ser “uma COP na Amazônia, não sobre a Amazônia”, destacando a oportunidade de exibir a floresta ao mundo e apresentar ações de proteção ambiental. O secretário de infraestrutura do Pará, Adler Silveira, insiste que a estrada é sustentável, com cruzamentos para animais e iluminação solar, e visa modernizar Belém, deixando um legado para a população. No entanto, a narrativa oficial enfrenta ceticismo, especialmente por ignorar as vozes locais e pelo impacto ambiental da infraestrutura, como a desconexão de áreas protegidas.
A reportagem da BBC aponta ainda para o paradoxo de um evento climático que exige voos transatlânticos e obras que emitem carbono, questionando se os esforços para hospedar a cúpula comprometem sua própria causa. Apesar das promessas de sustentabilidade, a falta de compensação para comunidades afetadas e a ausência de um plano claro para mitigar o desmatamento futuro sugerem que os interesses econômicos e logísticos podem estar superando os objetivos ambientais. Essa discrepância entre discurso e prática exige uma análise crítica, considerando que a Amazônia, essencial para a absorção de carbono, está sendo sacrificada em nome de uma conferência que deveria protegê-la.