O Irã intensificou a repressão contra mulheres que desrespeitam as leis obrigatórias de uso do hijab, recorrendo a tecnologias como drones, sistemas de reconhecimento facial e o aplicativo móvel Nazer, segundo um relatório das Nações Unidas divulgado na sexta-feira, 14 de março de 2025. Após dois anos de investigação, a missão de apuração da ONU acusa o governo iraniano de violações sistemáticas dos direitos humanos e crimes contra a humanidade, destacando o uso dessas ferramentas para monitorar e punir mulheres em espaços públicos.
O app Nazer, respaldado pelo Estado, permite que cidadãos e policiais denunciem mulheres vistas sem o hijab, registrando placas de veículos, localizações e horários das supostas infrações, com notificações enviadas aos proprietários ameaçando apreensão em caso de reincidência. Drones e câmeras de reconhecimento facial reforçam essa vigilância, especialmente durante eventos como o Nowruz, o Ano Novo persa, celebrado em Teerã na mesma data do relatório. Essa escalada tecnológica tem raízes nos protestos de 2022, iniciados após a morte de Mahsa Amini, que simbolizou a resistência às restrições de vestimenta e à repressão estatal.
O documento da ONU detalha como essas práticas criam um ambiente de medo, com punições que variam de multas a prisões e agressões físicas, além de servirem para silenciar dissidências mais amplas. A missão sugere que a repressão ao uso do hijab faz parte de uma estratégia maior de controle social. Apesar da riqueza de dados, a narrativa da ONU pode carregar vieses políticos, e a ausência de resposta oficial do governo iraniano no relatório limita uma visão equilibrada. Além disso, o foco exclusivo no Irã pode desviar a atenção de violações em outros países, exigindo uma análise mais ampla do contexto global.