Autoridades belgas e portuguesas realizaram operações de busca nesta quinta-feira, 13 de março de 2025, em uma investigação que aponta para um esquema de corrupção no Parlamento Europeu (PE) envolvendo a gigante chinesa de telecomunicações Huawei. As ações ocorreram em locais estratégicos, incluindo Bruxelas, Flandres, Valónia, na Bélgica, e em Portugal, com foco em possíveis subornos pagos a eurodeputados para promover interesses da empresa no bloco europeu. A operação, que mobilizou cerca de 100 agentes, resultou na detenção de várias pessoas para interrogatório, segundo o Ministério Público Federal belga.
As buscas visam práticas de lobistas ligados à Huawei desde 2021, suspeitos de oferecerem vantagens financeiras a parlamentares em troca de apoio político. Entre os métodos alegados estão presentes de valor, como smartphones da própria Huawei, bilhetes para jogos de futebol e transferências de milhares de euros. Investigações indicam que uma empresa portuguesa pode ter servido como canal para esses pagamentos, o que levou à realização de buscas no país, incluindo a residência e o negócio de um consultor identificado como Nuno Wahnon Martins, detido na França e aguardando extradição para a Bélgica.
Cerca de 15 eurodeputados, atuais e antigos, estão sob o radar dos investigadores, embora nenhum tenha sido formalmente identificado ou preso até o momento. O caso ganhou contornos internacionais, com a Huawei no centro das suspeitas, enquanto a empresa portuguesa em questão, possivelmente ligada a Wahnon Martins, é examinada por seu papel em supostas transações financeiras ocultas. As autoridades investigam crimes como corrupção ativa, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com a operação apelidada de “Operação Geração” pelas forças belgas.
A Huawei, que mantém escritórios em Bruxelas e patrocina eventos como camarotes no estádio do RSC Anderlecht, ainda não se pronunciou oficialmente. O Parlamento Europeu declarou estar disposto a colaborar com as investigações, mas o episódio reacende debates sobre a vulnerabilidade da instituição a influências externas, especialmente após o escândalo Catargate de 2022. Enquanto isso, a Transparência Internacional criticou as medidas internas do PE contra corrupção como insuficientes, sugerindo que reformas mais robustas são necessárias para evitar novos casos.