O presidente Donald Trump reacendeu o debate sobre o papel dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com declarações contundentes feitas nesta quinta-feira, 6 de março de 2025, no Salão Oval. Durante uma coletiva com repórteres, ele afirmou que não protegerá membros da aliança que não pagarem o que considera sua “parte justa” em gastos de defesa. “Se eles não pagarem, eu não vou defendê-los. Não vou defendê-los”, disse Trump, reforçando uma posição que ele mantém há anos, desde sua primeira gestão entre 2017 e 2021.
Trump foi além, lançando dúvidas sobre os benefícios mútuos da OTAN para os EUA. “Vocês acham que eles vão vir nos proteger? Hmmm. Eles deveriam. Não tenho tanta certeza”, declarou, questionando se países como a França ou outros aliados não mencionados retribuiriam o apoio americano em um momento de crise. Ele destacou que os EUA gastam significativamente mais que seus parceiros — cerca de 3,5% do PIB em defesa em 2024, segundo estimativas da OTAN, contra uma média de 1,8% entre os membros europeus —, enquanto muitos não atingem a meta de 2% acordada em 2014.
A crítica de Trump não é nova. Durante seu primeiro mandato, ele frequentemente acusou nações como a Alemanha, que gasta cerca de 1,6% do PIB, de “não pagarem suas contas”, uma simplificação do compromisso da OTAN, que não envolve dívidas diretas, mas sim investimentos individuais em defesa. Ele alega ter pressionado aliados a aumentar seus orçamentos, resultando em um salto de gastos europeus de US$ 35 bilhões entre 2023 e 2024, conforme dados da OTAN, embora analistas apontem que a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 foi o principal catalisador dessa mudança.
Os comentários chegam em um momento de tensão global, com a guerra na Ucrânia e ameaças russas pairando sobre a Europa. A OTAN já enfrentou desafios sob Trump, que chegou a chamar a aliança de “obsoleta” em 2016, mas nunca retirou os EUA do bloco. Hoje, com um Congresso que aprovou em 2024 uma lei exigindo aprovação legislativa para qualquer saída, sua influência se limita a ações como cortar fundos ou recusar apoio militar. Para os americanos, que arcam com cerca de dois terços do orçamento total de defesa da aliança, o argumento de Trump sobre “justiça” ressoa, mas deixa aliados europeus em alerta, temendo um enfraquecimento da solidariedade que sustenta a OTAN desde 1949.