Em um pronunciamento recente, o presidente russo Vladimir Putin emitiu um aviso direto ao presidente francês Emmanuel Macron, reagindo a declarações que Moscou interpretou como provocadoras. Durante uma fala televisionada em 6 de março de 2025, Putin afirmou: “Ainda há pessoas que querem voltar aos tempos de Napoleão, esquecendo como terminou”. A referência histórica remete à desastrosa invasão de Napoleão Bonaparte à Rússia em 1812, que culminou em uma retirada catastrófica e a perda de centenas de milhares de soldados franceses. Sem citar Macron nominalmente, o líder russo deixou claro que vê paralelos entre as ambições passadas e as posturas atuais de líderes europeus.
O comentário veio em resposta a um discurso de Macron no dia anterior, no qual o presidente francês chamou a Rússia de “uma ameaça à Europa” e sugeriu a possibilidade de estender o guarda-chuva nuclear francês a outros países do continente. Ele também mencionou a ideia de enviar forças europeias à Ucrânia como parte de um eventual acordo de paz, algo que Moscou considera uma escalada perigosa. Para Putin e seus aliados, tais declarações evocam memórias de intervenções fracassadas contra a Rússia, reforçando a narrativa de que o país não se curvará a pressões externas.
Fontes alinhadas a uma visão mais tradicional, como o Daily Mail e o Telegraph, relatam que a reação russa foi além de Putin. O ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, classificou as palavras de Macron como “uma ameaça” direta, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou o discurso de “extremamente confrontacional”. A troca de farpas ocorre em um momento de tensões elevadas, com a guerra na Ucrânia e as relações entre Rússia e o Ocidente no pior estado desde a Guerra Fria. A visita do ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, a um laboratório de armas nucleares no mesmo dia só aumentou o tom de alerta.
A retórica de Putin apela ao orgulho nacional russo, destacando a resiliência histórica do país contra invasores. Ele falou a um grupo de familiares de soldados mortos na Ucrânia, enfatizando que “subestimar o caráter do povo russo” é um erro recorrente de seus adversários. Enquanto isso, Macron insiste que suas propostas visam proteger a Europa, rejeitando as comparações com Napoleão e acusando Putin de ser o verdadeiro “imperialista” na região, conforme reportado pelo France 24. O embate verbal expõe a fragilidade da relação entre Moscou e Paris, com implicações que vão além da retórica.