Dados do Censo 2021 no Reino Unido apontam uma realidade que tem gerado debates acalorados entre a população britânica: cerca de 1 milhão de migrantes vivendo no país têm pouco ou nenhum domínio da língua inglesa. Esse número, levantado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), reacende discussões sobre os desafios da integração cultural e social em uma nação historicamente marcada por sua identidade e tradições. Para muitos cidadãos, a incapacidade de novos moradores de se comunicar em inglês é vista como um obstáculo à coesão comunitária e ao funcionamento harmonioso da sociedade.
A questão vai além da barreira linguística. Britânicos expressam, em fóruns e redes sociais, uma crescente inquietação com o que percebem como uma resistência à assimilação por parte de alguns grupos de imigrantes. O Censo mostra que mais de 5 milhões de pessoas no Reino Unido têm o inglês como segunda língua, mas o foco da preocupação recai sobre aqueles que não conseguem se comunicar minimamente. Isso, segundo vozes alinhadas a uma visão mais tradicional, compromete a unidade nacional e sobrecarrega serviços públicos, como saúde e educação, que precisam se adaptar a uma população linguisticamente diversa.
Sites de perspectiva conservadora, como o Daily Express e o GB News, destacam que a imigração em massa, incentivada por políticas de portas abertas nas últimas décadas, trouxe benefícios econômicos, mas também desafios significativos. Eles argumentam que a falta de exigência de proficiência em inglês para certos vistos e a ausência de programas robustos de integração agravam o problema. Setores como agricultura e hospitalidade, que dependem fortemente de mão de obra estrangeira, são frequentemente citados como exemplos de onde a necessidade econômica entra em conflito com a preservação da identidade cultural.
O sentimento de frustração não é novo. A imigração foi um dos temas centrais no referendo do Brexit em 2016, quando a promessa de “retomar o controle” das fronteiras ressoou entre os que viam na entrada desregulada de estrangeiros uma ameaça aos valores britânicos. Apesar da saída da União Europeia, os números do Censo 2021 sugerem que o desafio persiste, agora com migrantes de fora da UE, como os provenientes de Ucrânia e Hong Kong, contribuindo para o aumento populacional. Para os críticos, a falta de domínio do idioma por parte de quase 1 milhão de pessoas simboliza uma falha sistêmica em priorizar a coesão social sobre interesses econômicos.
A discussão também ganha força em meio a relatos de tensões locais. Comunidades que antes se orgulhavam de sua homogeneidade agora enfrentam mudanças rápidas, e o idioma é apenas a ponta do iceberg. Há quem aponte que a multiculturalidade, embora enriquecedora em teoria, na prática pode fragmentar a sociedade se não houver um esforço mútuo de adaptação. Enquanto o governo atual busca equilibrar a necessidade de trabalhadores estrangeiros com a pressão popular por maior controle migratório, o tema segue como um divisor de águas no Reino Unido.