A rede americana de hambúrgueres Five Guys anunciou uma mudança significativa em algumas de suas lojas no Reino Unido, optando por oferecer carne bovina certificada como halal e eliminando itens como bacon, cachorros-quentes e bebidas alcoólicas do menu. A decisão, que começou a ser implementada em fevereiro de 2025, afeta atualmente cinco unidades, incluindo a loja de Fort Dunlop, em Birmingham, que se tornou totalmente halal. Segundo a empresa, a carne utilizada segue “práticas específicas para certificação halal, mantendo padrões éticos e de bem-estar animal conforme a legislação do Reino Unido e da UE”, mas a remoção de produtos tradicionais como bacon e álcool gerou uma onda de críticas entre clientes conservadores.
A justificativa da Five Guys é clara: atender à demanda de uma clientela crescente de muçulmanos em áreas específicas, como Birmingham, onde a população local inclui comunidades com mais de 75% de origem islâmica em alguns bairros. “Não se trata de impor nada, mas de oferecer opções onde há mercado”, afirmou um porta-voz da empresa, destacando que a maioria das lojas no Reino Unido segue operando com o menu tradicional, incluindo bacon e álcool. A rede também planeja explorar a introdução de um cachorro-quente halal no futuro, mas, por enquanto, essas unidades permanecem livres de carne suína e bebidas alcoólicas para manter a certificação.
Para muitos britânicos conservadores, no entanto, a mudança é vista como um símbolo de “multiculturalismo assimétrico”, onde a cultura nativa é supostamente sacrificada para acomodar minorias. “Não volto mais ao Five Guys”, declarou um cliente em redes sociais, ecoando o sentimento de outros que prometem boicotar a rede por abandonar itens icônicos como o bacon em prol da carne halal. Críticos como o escritor político Connor Tomlinson e o sindicalista Paul Embery apontam que tais decisões reforçam a percepção de “enclaves islâmicos” e de uma erosão dos valores tradicionais britânicos, mesmo que a alteração se limite a poucas lojas em um país com mais de 150 unidades da franquia.
O caso expõe uma tensão cultural mais ampla no Reino Unido: de um lado, a adaptação de empresas privadas às demandas de um mercado diversificado; de outro, a resistência de quem vê nessas mudanças uma ameaça à identidade nacional.