O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) deu início às suas atividades de 2025 com uma conquista significativa: a realização da primeira captação de órgãos do ano, promovida pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). A iniciativa exemplifica a importância da doação de órgãos na transformação de vidas e na promoção da saúde pública.
Nesta primeira captação, realizada em 6 de janeiro, foram retirados de um paciente de 59 anos, que teve morte encefálica confirmada no final de semana, um fígado, dois rins e duas córneas. O destino dos órgãos já foi definido: o fígado será transplantado em um paciente do Mato Grosso do Sul, enquanto os rins seguirão para receptores no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Já as córneas foram encaminhadas para o Banco de Olhos da Santa Casa de Campo Grande.
Segundo o médico Ivair Ximenes Lopes Jr., coordenador da CIHDOTT, o impacto da doação é imenso. “Com a doação de uma única pessoa, podemos modificar cinco vidas. Esses transplantes oferecem sobrevida e qualidade de vida a pacientes que, muitas vezes, estão em situações críticas, como dependência de diálise ou perda de visão devido a problemas nas córneas”, afirmou.
O Papel da Família na Decisão pela Doação de Órgãos
A decisão de doar órgãos depende diretamente da conscientização familiar. Conforme explicado por Lopes Jr., após o diagnóstico de morte encefálica, todos os protocolos legais são seguidos, e os familiares do paciente são acolhidos para decidir sobre a doação.
No Brasil, o consentimento para doação deve ser dado pelos familiares do falecido, sendo fundamental que as pessoas interessadas em serem doadoras comuniquem essa vontade às suas famílias em vida. Isso não só facilita o processo como também acelera o atendimento a pacientes que aguardam por transplantes, já que os órgãos captados são destinados a uma lista única de espera, monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Reestruturação do CIHDOTT: Uma Estratégia para Salvar Mais Vidas
Em 2024, o CIHDOTT passou por uma reestruturação significativa, marcada pela ampliação de sua equipe e modernização dos processos. Segundo o diretor-geral do HRMS, médico Paulo Limberger, o objetivo principal dessa reestruturação é acelerar a captação de órgãos e, consequentemente, reduzir o tempo de espera para os pacientes.
“O HRMS é o maior hospital público do Mato Grosso do Sul, e cada minuto conta para quem depende de um transplante. Nossa meta é garantir que a captação de órgãos seja ágil e eficiente, otimizando os recursos disponíveis e ampliando a possibilidade de salvar vidas”, destacou Limberger.
Essa reestruturação é parte de um esforço contínuo do governo estadual e do HRMS em promover a saúde pública de maneira mais eficiente. Para a diretora-presidente da FUNSAU, médica Marielle Alves Corrêa Esgalha, a iniciativa reforça o compromisso da administração pública com a qualidade de vida da população.
Educação e Sensibilização: Fortalecendo a Cultura da Doação
Outro ponto central na reestruturação do CIHDOTT é a ampliação das campanhas de conscientização sobre a doação de órgãos. Segundo Marielle, é essencial que a sociedade compreenda a importância do tema e se torne disseminadora dessa ideia.
“Queremos sensibilizar cada vez mais pessoas para que reconheçam a relevância da doação de órgãos. É uma oportunidade única de oferecer esperança e qualidade de vida àqueles que estão na lista de espera. Nosso foco será investir em educação continuada e em ações comunitárias ao longo do ano, criando uma rede de replicadores de informações sobre esse assunto”, explicou.
Através dessas iniciativas, o HRMS espera não apenas aumentar o número de doadores, mas também fortalecer a rede de suporte aos pacientes que dependem de transplantes para sobreviver.