O cenário climático no Pantanal de Mato Grosso do Sul segue crítico, marcado por altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e fortes ventos, criando um ambiente propício para a ocorrência de incêndios florestais. Mesmo com a previsão de uma frente fria entre os dias 26 e 28 de setembro, que deverá trazer chuvas e quedas temporárias nas temperaturas, a situação não deve apresentar mudanças significativas no curto prazo.
Ações da Operação Pantanal
O governo do Estado atualizou a população sobre as ações de combate aos incêndios florestais e a previsão do tempo durante o boletim semanal da Operação Pantanal 2024, transmitido ao vivo pela internet nesta quinta-feira (26). A partir de agora, essas transmissões serão realizadas quinzenalmente, com a próxima marcada para o dia 10 de outubro. O combate aos incêndios está ativo nos principais biomas do Estado – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – e continua recebendo reforços das forças de segurança nacionais e de estados parceiros.
As regiões de Cipolândia (Aquidauana), Coxim, Inocência e Dourados concentram atualmente os maiores esforços de combate. Já as operações de monitoramento estão ocorrendo em áreas como Corumbá e seus arredores, além das regiões de Porto Murtinho e o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, em Naviraí. Em outras localidades, como Rio Negro, Aquidauana e Cassilândia, as equipes seguem em alerta, monitorando a situação com atenção especial para áreas críticas.
Contribuições e Reforços
Nos últimos dias, a operação recebeu o apoio de dez bombeiros do Rio Grande do Sul, que se uniram às equipes já em campo para intensificar as ações de combate. Segundo a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, a estrutura de combate permanece robusta e distribuída por todo o estado. “Mesmo com as condições climáticas severas deste ano, conseguimos reduzir a área queimada em comparação a 2020. Mantemos uma operação forte, que faz a diferença nos focos de calor”, afirmou.
Monitoramento Climático: Impacto nas Ações de Combate
O monitoramento climático desempenha um papel crucial nas estratégias de combate aos incêndios. A meteorologista Valesca, coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima (Cemtec), explicou que, apesar da chegada da frente fria, as temperaturas devem voltar a subir já no domingo, 29 de setembro, podendo novamente ultrapassar os 40°C em várias regiões. A previsão é de que as temperaturas máximas alcancem entre 36°C e 43°C, enquanto a umidade relativa do ar deve cair para níveis críticos, variando de 7% a 25%. Esse cenário favorece a rápida propagação do fogo, tornando o combate mais difícil, inclusive pelas vias aéreas.
Ainda que o prognóstico para os próximos três meses indique que as chuvas possam ficar dentro da média histórica, o calor e a baixa umidade devem prevalecer, criando condições propícias para novos focos de incêndio.
A Gravidade da Situação e a Esperança de Resiliência
Durante sua atuação no Pantanal, a tenente-coronel Tatiane Inoue testemunhou a gravidade da situação. “As temperaturas são extremamente altas, e os animais disputam as poucas poças d’água que ainda restam. O cenário é muito crítico”, relatou, mencionando as dificuldades enfrentadas tanto no Brasil quanto em países vizinhos, como a Bolívia, que também estão lidando com numerosos focos de calor.
No entanto, mesmo diante de um cenário desolador, há sinais de esperança. Inoue compartilhou uma imagem capturada na região de Miranda, nas margens da BR-262, onde um incêndio de grandes proporções ocorreu no início de agosto. “Apesar da devastação, é impressionante ver a resiliência do bioma Pantanal. A vegetação começa a renascer, mesmo entre as cinzas. Esse é o motivo pelo qual continuamos lutando com tanta dedicação, para ver esse milagre acontecer”, concluiu.
Prevenção e Apoio da População
O combate aos incêndios florestais exige esforços contínuos e uma estrutura eficaz, mas a participação da sociedade também é essencial. A conscientização sobre os perigos de queimadas ilegais, a colaboração no monitoramento de áreas de risco e o apoio às autoridades são fundamentais para minimizar os danos ambientais e proteger a biodiversidade do Pantanal.
As condições adversas continuarão a desafiar as equipes de combate, mas a resiliência do Pantanal e o comprometimento das autoridades e forças de segurança oferecem esperança de recuperação. O governo estadual, em conjunto com outros estados e o governo federal, permanece empenhado em enfrentar essa crise ambiental com todas as ferramentas e recursos disponíveis.