O crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3), foi recebido com otimismo por diversas entidades empresariais do país. Com o desempenho positivo dos setores de serviços, indústria e agropecuária, o anúncio do crescimento econômico é visto como um reflexo do esforço contínuo do setor privado em meio a desafios fiscais e inflacionários. No entanto, líderes empresariais alertam para o futuro, apontando que pressões inflacionárias e o cenário econômico global podem impactar a sustentabilidade desse crescimento.
Crescimento Setorial: Sinal Positivo Para a Economia
O desempenho de 0,9% no PIB no último trimestre foi impulsionado pelo crescimento dos setores de serviços (0,9%), indústria (0,6%) e agropecuária (0,9%). Essas áreas são fundamentais para o fortalecimento da economia nacional, com destaque para a recuperação da demanda doméstica e o dinamismo no mercado de trabalho. A expansão do crédito, que segue em trajetória positiva, também foi citada como um fator importante para o crescimento.
Entidades como a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destacaram o crescimento consistente da economia, enquanto a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) elogiou a recuperação dos investimentos. A Febraban, por exemplo, ressaltou que os investimentos seguem crescendo, o que indica uma recuperação ao longo do ano e uma alta na relação investimentos/PIB.
Investimentos Crescem, Mas O Desafio Persiste
A Firjan chamou atenção para a quarta alta consecutiva dos investimentos (+2,1%), o que elevou a taxa de investimentos para 17,6% do PIB. No entanto, a federação alertou que essa taxa ainda está abaixo dos 21% registrados entre 2010 e 2013, um período considerado de maior crescimento econômico. Além disso, a taxa de investimentos no Brasil continua inferior à média dos países emergentes, que gira em torno de 32%, revelando que ainda há muito a ser feito para garantir a sustentabilidade do crescimento no longo prazo.
Esse cenário foi complementado por Isaac Sidney, presidente da Febraban, que destacou a importância de manter os investimentos em alta como um motor crucial para o crescimento. No entanto, o presidente da federação alertou que o crescimento não será automático e dependerá de uma política econômica sólida, que ofereça previsibilidade e confiança para o setor privado.
Desaceleração à Vista: Desafios para 2025
Apesar dos números positivos, as entidades destacam que o futuro próximo pode trazer desafios. A Fiesp já projetou uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira em 2025, especialmente com o aperto nas condições financeiras, que podem impactar os setores mais cíclicos da economia. Isso inclui a indústria, que pode sofrer com a redução de estímulos fiscais e um cenário externo mais desafiador.
A Febraban também se mostrou cautelosa em relação ao futuro, especialmente no que diz respeito à pressão inflacionária crescente. Com o aumento da demanda doméstica e uma alta de 5,5% no ano, a federação observou que as pressões inflacionárias continuam altas, com destaque para os preços no atacado e especialmente os alimentos.
A Febraban sublinhou que, para que o país siga em trajetória de crescimento, será necessário implementar um plano de contenção de gastos públicos consistente e eficaz. Além disso, é fundamental evitar a necessidade de novos aumentos nas taxas de juros, que poderiam inibir o crescimento econômico e o processo de recuperação dos investimentos.
A Necessidade de Reformas Estruturais
Em meio às projeções cautelosas, as entidades empresariais deixaram claro que a recuperação econômica está longe de ser garantida sem reformas estruturais. O país precisa implementar um plano fiscal robusto e pró-mercado, que permita a redução das desigualdades fiscais e a promoção de um ambiente mais favorável ao empreendedorismo e aos investimentos privados. Caso contrário, o crescimento do PIB poderá ser efêmero, sem a devida sustentação de um ambiente de negócios saudável e livre de excessos governamentais.
As entidades empresariais, embora otimistas, têm claro que políticas econômicas focadas na liberdade de mercado e na estabilidade fiscal serão essenciais para que o Brasil consiga sustentar o crescimento econômico e alcançar uma prosperidade duradoura.