Em uma eleição presidencial marcada por profunda divisão política, Karol Nawrocki, candidato apoiado pelo partido conservador Lei e Justiça (PiS), foi eleito presidente da Polônia com 50,89% dos votos, superando por estreita margem o prefeito liberal de Varsóvia, Rafał Trzaskowski, que obteve 49,11%, segundo resultados oficiais divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional (PKW) em 2 de junho de 2025. A vitória de Nawrocki, um historiador de 42 anos e ex-diretor do Instituto de Memória Nacional, representa um fortalecimento da agenda nacionalista e conservadora no país, reacendendo debates sobre o futuro das relações com a União Europeia e a necessidade de preservar a soberania e os valores tradicionais poloneses.
A campanha de Nawrocki foi centrada em uma visão de “Polônia em primeiro lugar”, com foco na defesa da identidade nacional, da fé católica e da segurança dos cidadãos. Ele prometeu priorizar políticas econômicas e sociais que favoreçam os poloneses, criticando a imigração descontrolada e a influência excessiva de Bruxelas, especialmente em questões como políticas climáticas e de migração da UE. Durante a campanha, Nawrocki também se posicionou contra a adesão da Ucrânia à OTAN, embora tenha reiterado o apoio à assistência ao país vizinho em sua luta contra a Rússia. Sua postura firme, aliada a um estilo combativo – reforçado por sua imagem de ex-boxeador amador –, conquistou eleitores em áreas rurais e pequenas cidades, onde a influência da Igreja Católica permanece forte.
A eleição, que registrou uma participação recorde de 71,63%, revelou as divisões entre as regiões urbanas, mais liberais, e as áreas rurais, de tendência conservadora. Nawrocki, que era relativamente desconhecido antes da campanha, superou expectativas ao mobilizar eleitores de partidos de direita mais radicais, como os apoiadores de Sławomir Mentzen, que obteve 14,8% no primeiro turno. Apesar de polêmicas, como acusações de envolvimento em brigas organizadas entre torcedores de futebol – que ele descreveu como “nobre” – e a compra de um apartamento de uma idosa em condições questionáveis, Nawrocki manteve o apoio de sua base, que viu as críticas como ataques politicamente motivados.
A vitória de Nawrocki representa um desafio significativo para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk, cuja coalizão centrista assumiu o poder em 2023. O presidente polonês, embora tenha um papel majoritariamente cerimonial, possui o poder de veto sobre legislações, o que pode bloquear reformas progressistas, como a flexibilização das leis de aborto e a introdução de parcerias civis para casais do mesmo sexo. Nawrocki, alinhado ao antecessor Andrzej Duda, deve manter uma postura de confronto com Tusk, dificultando a agenda pró-UE do governo. A eleição também foi celebrada por líderes nacionalistas europeus, como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que a descreveu como uma “vitória fantástica”.
O apoio internacional a Nawrocki, especialmente dos Estados Unidos, foi notável. O presidente Donald Trump recebeu o candidato na Casa Branca em maio de 2025, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, endossou Nawrocki durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) na Polônia, chamando-o de “líder forte” para o país. Esse respaldo reforçou a narrativa de Nawrocki como defensor de uma Polônia soberana, em sintonia com movimentos conservadores globais que priorizam a segurança nacional e a identidade cultural.