Folha Do MS

Alemanha Adota Medidas para Limitar Reunificação Familiar de Refugiados e Amplia Prazo para Cidadania

O governo alemão, sob a liderança do chanceler conservador Friedrich Merz, aprovou em 28 de maio de 2025 medidas que restringem a reunificação familiar para refugiados e eliminam a opção de cidadania acelerada após três anos de residência. As decisões, anunciadas pelo gabinete e noticiadas por fontes como Reuters e Deutsche Welle, marcam uma mudança significativa na política migratória do país, refletindo a prioridade de aliviar a pressão sobre os sistemas de recepção e integração. A suspensão por dois anos do direito de migrantes com status de proteção subsidiária – cerca de 380.000 pessoas, majoritariamente sírias – de trazerem cônjuges e filhos para a Alemanha, visa reduzir a carga sobre cidades e municípios. Além disso, a abolição do processo de naturalização rápida, que permitia cidadania após três anos para migrantes bem integrados, estende o período mínimo de espera para cinco anos, alinhando-se com a visão de maior rigor na gestão migratória.

A proteção subsidiária, concedida a indivíduos que não se qualificam como refugiados plenos, mas que enfrentam riscos graves em seus países de origem, como perseguição política ou tortura, é um status comum entre sírios na Alemanha. Anteriormente, cerca de 12.000 familiares por ano se beneficiavam do direito à reunificação, com a Alemanha emitindo aproximadamente 120.000 vistos para esse fim em 2024, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O ministro do Interior, Alexander Dobrindt, defendeu as restrições, afirmando ao jornal Bild que “os cidadãos esperam uma mudança na política migratória” e que a capacidade de integração do país atingiu seu limite. Ele destacou que a suspensão, que inclui exceções para casos de extrema necessidade, como questões médicas urgentes, é uma medida para “reduzir os fatores de atração” à Alemanha, conforme relatado pela Schengen.News.

A decisão de eliminar a cidadania acelerada também responde ao aumento recorde de naturalizações, com 200.000 pessoas obtendo a cidadania alemã em 2024, o maior número em 25 anos. A política anterior, introduzida pela coalizão liderada pelo Partido Social-Democrata (SPD) em 2024, permitia que migrantes com “integração excepcional” – como proficiência em alemão nível C1 ou contribuições significativas em trabalho ou voluntariado – solicitassem a cidadania após três anos. Agora, exceto para cônjuges de cidadãos alemães casados há pelo menos dois anos, o prazo mínimo retorna a cinco anos, reforçando o compromisso de valorizar a cidadania como um marco de integração profunda. A coalizão CDU/CSU-SPD, no entanto, manteve a possibilidade de dupla cidadania, um ponto de compromisso com os sociais-democratas.

As medidas enfrentam críticas de organizações de direitos humanos, como a Pro Asyl, que alertam que a suspensão da reunificação familiar pode causar sofrimento psicológico e incentivar a migração irregular. “Separar famílias por anos é desumano e contraproducente,” afirmou a organização, conforme citado pela Schengen.News. O Partido Verde também criticou a política, com o parlamentar Marcel Emmerich argumentando que partidos com “cristão” em seus nomes deveriam demonstrar mais compaixão. Por outro lado, apoiadores das medidas, como Dobrindt, destacam a necessidade de equilibrar obrigações humanitárias com a capacidade de integração, especialmente em um contexto de controles fronteiriços mais rígidos, iniciados em 6 de maio de 2025, para gerenciar a migração irregular.

A suspensão da reunificação familiar não afeta refugiados com status de asilo pleno ou portadores de permissões de residência permanentes, que mantêm o direito de trazer familiares próximos. No entanto, para os beneficiários de proteção subsidiária, a espera prolongada pode agravar situações como a de Mohammed, um sírio que fugiu da guerra civil em 2014 e vive na Alemanha com seu filho, mas enfrenta dificuldades para reunir-se com sua esposa e filhas, segundo relato da Deutsche Welle. A constitucionalidade das medidas será avaliada pelo Tribunal Constitucional Federal, com especialistas como Thomas Gross, da Universidade de Osnabrück, apontando que a suspensão pode ser contestada com base no direito à vida familiar garantido pela Constituição alemã e pela Convenção Europeia de Direitos Humanos.

As mudanças refletem um esforço para responder às preocupações da população com a infraestrutura de integração e a segurança nacional, ao mesmo tempo em que mantêm um compromisso com a estabilidade e a ordem. Embora controversas, as medidas sinalizam a determinação do governo Merz em priorizar a sustentabilidade do sistema migratório, enquanto enfrenta o desafio de harmonizar valores humanitários com as demandas de uma sociedade em transformação.

Gustavo De Oliveira

Escritor

Edit Template
Você foi inscrito com sucesso! Ops! Algo deu errado, tente novamente.

Links Rápidos

Termos e Condições

Política de Privacidade

Postagens Recentes

  • All Posts
  • Ciência
  • Crime e Justiça
  • Economia
  • Educação
  • Entretenimento
  • Esportes
  • Mato Grosso Do Sul
  • Meio Ambiente
  • Mundo
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia

Contate-Nos

© 2024 Folha Do MS. Todos os direitos reservados.