A primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, confirmou publicamente ter abordado o tema do TikTok durante um jantar com o presidente chinês Xi Jinping, em Pequim, no dia 10 de maio de 2025, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. Em declaração feita no dia 14 de maio, em Brasília, Janja afirmou que criticou o algoritmo da plataforma por, segundo ela, “favorecer a extrema-direita” e reforçou sua posição com veemência: “Em nenhum momento eu calarei a minha voz para falar sobre isso. Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar com qualquer pessoa que seja, do mais alto grau ao menor grau.” A fala, registrada por veículos como O Globo e Folha de S.Paulo, gerou controvérsia ao contradizer a narrativa inicial do presidente Lula, que havia minimizado o incidente como uma conversa informal e criticado o vazamento de detalhes do encontro. O episódio destaca a crescente preocupação com o papel das redes sociais na política global, em um momento em que a defesa da liberdade de expressão e a busca por equilíbrio no debate público são valores centrais.
O jantar, parte da agenda bilateral entre Brasil e China, não tinha o TikTok como pauta oficial, o que tornou a intervenção de Janja inesperada. Segundo fontes próximas ao encontro, citadas pela CNN Brasil, a primeira-dama levantou a questão ao sugerir que o algoritmo da plataforma, controlada pela empresa chinesa ByteDance, amplifica conteúdos associados à extrema-direita, criando um desequilíbrio na disseminação de ideias. Xi Jinping, em resposta, teria afirmado que o Brasil possui soberania para regular ou até banir a plataforma, se desejar, uma réplica que gerou desconforto entre os presentes. A declaração de Janja, feita dias após o vazamento da conversa, reforça sua disposição em abordar questões que considera cruciais, mesmo em contextos diplomáticos, mas também reacendeu críticas sobre a adequação de sua participação em discussões de alto nível, com alguns analistas apontando para um possível desrespeito a protocolos.
Lula, em pronunciamento no dia 13 de maio, tentou conter a polêmica, assumindo a autoria da pergunta sobre o TikTok e classificando o vazamento como uma quebra de confidencialidade. “Alguém teve a pachorra de ligar e contar uma conversa que teve num jantar confidencial”, declarou, segundo a Folha de S.Paulo. No entanto, a confirmação de Janja contradisse a versão do presidente, intensificando o debate sobre a dinâmica do casal no cenário político. Críticos, como editorialistas do Estado de S.Paulo, argumentaram que a intervenção da primeira-dama, embora motivada por preocupações legítimas sobre desinformação, pode ter comprometido a imagem do Brasil em negociações estratégicas com a China, um parceiro comercial que responde por 26,8% das exportações brasileiras, conforme dados do Ministério da Economia de 2024.
O caso também reflete tensões globais sobre o controle das redes sociais. O TikTok enfrenta escrutínio em diversos países, incluindo os Estados Unidos, onde foi banido em dispositivos governamentais por preocupações com segurança de dados, e a Austrália, que considera regulamentações mais rígidas. No Brasil, a plataforma é alvo de críticas tanto da esquerda, que a acusa de promover conteúdos conservadores, quanto da direita, que alega censura de suas vozes. Estudos, como um relatório da Universidade de Oxford de 2023, indicam que algoritmos de redes sociais tendem a priorizar conteúdos polarizantes, independentemente de inclinação ideológica, devido ao maior engajamento gerado. A fala de Janja, nesse contexto, toca em uma questão sensível: como equilibrar a liberdade de expressão com a necessidade de mitigar a desinformação, um desafio que exige soluções institucionais em vez de intervenções individuais.
A postura de Janja, que se define como uma voz ativa na defesa de causas sociais, também levanta questões sobre o papel de primeiras-damas em governos modernos. Sua participação em eventos oficiais, como a Cúpula do G20, e sua influência em pautas como cultura e inclusão social têm sido elogiadas por aliados, mas criticadas por opositores que veem excesso de protagonismo. O incidente com Xi Jinping, amplificado pela mídia, reforça a percepção de que Janja não pretende se limitar a um papel cerimonial, mas também expõe os riscos de intervenções que podem ser interpretadas como desalinhadas com a diplomacia oficial. Enquanto o Brasil navega por um cenário político polarizado, a defesa de princípios como transparência e responsabilidade no uso das redes sociais permanece essencial para fortalecer a confiança nas instituições.