Em 6 de maio de 2025, o governo sudanês, alinhado ao Exército liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, anunciou o rompimento das relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos (EAU), classificando o país do Golfo como um “estado agressor”. A decisão, comunicada pelo ministro da Defesa, Yassin Ibrahim, em um discurso televisionado, inclui a retirada do embaixador sudanês de Abu Dhabi e o fechamento da embaixada e do consulado do Sudão no país. A medida foi motivada por acusações de que os EAU violam a soberania sudanesa ao apoiar as Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar em conflito com o Exército desde abril de 2023, na guerra civil que devastou o Sudão.
O governo sudanês alega que os EAU fornecem armas avançadas à RSF, intensificando ataques contra infraestruturas vitais, como o porto, o aeroporto e uma estação de energia em Porto Sudão, a capital de facto do país, que sofreu bombardeios por drones nos dias 4, 5 e 6 de maio. “O mundo testemunhou, por mais de dois anos, o crime de agressão contra a soberania do Sudão, sua integridade territorial e a segurança de seus cidadãos pelos EAU, através de seu proxy, a milícia terrorista RSF”, declarou Ibrahim. O ministro acusou Abu Dhabi de escalar o conflito após avanços do Exército, como a retomada de Cartum em março, e prometeu retaliar “por todos os meios necessários” para proteger a soberania nacional.
A decisão veio um dia após a Corte Internacional de Justiça (CIJ) rejeitar, por falta de jurisdição, uma ação do Sudão que acusava os EAU de “cumplicidade em genocídio” em Darfur, devido ao suposto apoio à RSF. Apesar das negativas de Abu Dhabi, relatórios de monitores de sanções da ONU e declarações de políticos dos EUA consideram críveis as alegações de que os EAU fornecem suporte militar à RSF, incluindo drones e armas estratégicas. O conflito, que matou dezenas de milhares, deslocou 13 milhões de pessoas e criou a maior crise de fome e deslocamento do mundo, dividiu o Sudão em duas zonas: o Exército controla o norte, leste e centro, enquanto a RSF domina Darfur e partes do sul.