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Índia Posiciona-se para Substituir China como Fornecedora dos EUA em Setores Estratégicos

A Índia está intensificando esforços para se tornar o principal fornecedor dos Estados Unidos em setores onde a China tem perdido espaço, impulsionada por tensões comerciais, preocupações com segurança e a busca por diversificação de cadeias de suprimento. Sob a liderança do primeiro-ministro Narendra Modi, iniciativas como o Make in India e o Production Linked Incentive (PLI) têm atraído investimentos estrangeiros, especialmente em eletrônicos, tecnologia, energia renovável e defesa. A recente aproximação com os EUA, marcada por negociações comerciais avançadas, sinaliza a ambição da Índia de capitalizar a estratégia “China Plus One”, mas desafios estruturais, como infraestrutura e rigidez trabalhista, podem limitar seu sucesso.

As tensões comerciais entre EUA e China, intensificadas pelas tarifas de até 145% impostas pelo presidente Donald Trump em 2025, levaram empresas americanas a buscar alternativas à manufatura chinesa. A Índia, com sua grande força de trabalho jovem, democracia estável e alinhamento geopolítico com os EUA, emerge como uma candidata natural. A Índia é vista como um parceiro essencial para contrabalançar a influência chinesa, especialmente em setores como semicondutores, smartphones e produtos farmacêuticos.

Empresas globais, como Apple, Walmart e Tesla, já estão expandindo operações na Índia. A Apple produziu 14% dos iPhones globais no país em 2024, com exportações de US$ 6 bilhões entre abril e setembro, e planeja aumentar essa fatia para 25-40% nos próximos anos. Walmart comprometeu-se a importar US$ 10 bilhões anuais da Índia a partir de 2027, enquanto a Tesla explora a construção de uma fábrica de veículos elétricos em Tamil Nadu. O setor de eletrônicos cresceu de US$ 30 bilhões em 2014 para US$ 101,9 bilhões em 2022, impulsionado por incentivos do governo.

A Índia também busca liderar em semicondutores, com investimentos de mais de US$ 15 bilhões em três unidades fabris, incluindo parcerias com a taiwanesa Powerchip e a japonesa Renesas. Esses esforços visam reduzir a dependência de importações chinesas, que dominam 90% do mercado global de terras raras e componentes eletrônicos, e atender à demanda americana por cadeias de suprimento resilientes.

Em 22 de abril de 2025, o vice-presidente americano JD Vance anunciou que a Índia foi a primeira nação a concluir os termos de referência para um acordo comercial com os EUA, um passo crucial para isolar economicamente a China. A Índia está disposta a reduzir tarifas em até 90% para garantir o acordo, sinalizando concessões significativas. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que os dois países estão “muito próximos” de um acordo, que pode incluir setores como eletrônicos, defesa e energia renovável.

A Índia já é um fornecedor relevante para os EUA em produtos farmacêuticos, que respondem por 25% dos medicamentos no Reino Unido e mais de 50% da demanda global por vacinas, além de bens de engenharia, com 60% das exportações destinadas aos EUA e à Europa. A ascensão das exportações de painéis solares indianos para os EUA, que cresceram 150% em 2022 após restrições a materiais chineses, demonstra o potencial da Índia em preencher lacunas deixadas pela China.

Apesar das oportunidades, a Índia enfrenta obstáculos significativos para substituir a China. A infraestrutura logística, incluindo portos e transporte, é menos eficiente, com custos elevados e atrasos frequentes. Leis trabalhistas rígidas e uma força de trabalho menos produtiva em comparação com a China também limitam a competitividade. A dependência de importações chinesas permanece um entrave: em 2023, a China foi o maior parceiro comercial da Índia, com um déficit comercial de quase US$ 100 bilhões, especialmente em componentes eletrônicos, químicos e têxteis.

O setor manufatureiro indiano, que representa apenas 18-19% do PIB contra 30% na China, carece da escala necessária para competir globalmente. A burocracia, corrupção e políticas protecionistas, como altas tarifas, desencorajam investidores. Além disso, a Índia compete com Vietnã, México e Bangladesh, que atraem investimentos com maior facilidade devido a custos menores e acordos comerciais mais flexíveis.

O fortalecimento dos laços com os EUA pode afastar a Índia da Rússia, sua tradicional fornecedora de petróleo e equipamentos de defesa, e intensificar tensões com o Paquistão, especialmente após o recente ataque na Caxemira. O acordo comercial é visto como um movimento para isolar a China economicamente, com a Índia aumentando importações americanas em setores como energia e tecnologia. No entanto, analistas alertam que a Índia não substituirá a China completamente, devido à escala da manufatura chinesa, dez vezes maior, e à capacidade de Pequim de manter competitividade mesmo com tarifas.

Para maximizar seu potencial, a Índia precisa acelerar reformas em infraestrutura, educação e abertura comercial, enquanto equilibra sua dependência de importações chinesas. A parceria com os EUA, se concretizada, pode transformar a Índia em um hub de manufatura, mas o caminho exige superar barreiras internas e externas para atender às expectativas globais.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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