O governo de Israel anunciou, em 20 de abril de 2025, o cancelamento dos vistos de entrada de 27 deputados e franceses, membros dos partidos Ecologista (Verdes) e Comunista, que planejavam visitar o país e os territórios palestinos a partir do dia seguinte. A decisão, tomada pelo Ministério do Interior israelense, foi justificada com base em uma lei que permite barrar indivíduos considerados propensos a atuar contra os interesses do Estado de Israel. A medida, que gerou críticas por parte dos parlamentares afetados, ocorre em meio a crescentes tensões diplomáticas entre Israel e a França, especialmente após o presidente francês Emmanuel Macron sinalizar que o país pode reconhecer um Estado palestino em uma conferência internacional prevista para junho.
A delegação, organizada pelo consulado francês em Jerusalém, incluía figuras proeminentes como os deputados da Assembleia Nacional François Ruffin, Alexis Corbière e Julie Ozenne, do Partido Ecologista, além da deputada comunista Soumya Bourouaha e da senadora comunista Marianne Margaté. O grupo, que também contava com prefeitos e conselheiros locais de esquerda, tinha como objetivo, segundo os próprios membros, “fortalecer a cooperação internacional e promover uma cultura de paz” durante uma visita de cinco dias. Os vistos haviam sido aprovados um mês antes, mas foram revogados 48 horas antes da viagem, uma ação que 17 membros da delegação classificaram como “punição coletiva” e uma “ruptura grave nas relações diplomáticas”. Eles apelaram a Macron para que intervenha, exigindo esclarecimentos e medidas para garantir seu acesso ao país.
A decisão de Israel reflete uma postura firme contra políticos estrangeiros percebidos como críticos de suas políticas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu com veemência à possibilidade de reconhecimento de um Estado palestino, chamando-a de “uma enorme recompensa ao terrorismo”. O cancelamento dos vistos franceses segue um padrão recente: em abril, dois deputados britânicos do Partido Trabalhista, Yuan Yang e Abtisam Mohamed, foram detidos e deportados do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, sob a mesma justificativa. Em fevereiro, Israel também barrou a entrada de dois deputados do Parlamento Europeu, a franco-palestina Rima Hassan e a irlandesa Lynn Boylan, por suas posições pró-Palestina.