A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, expressou uma posição cautelosa sobre as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma entrevista à emissora pública Rai1 em 3 de abril de 2025. Comentando o “tarifaço” anunciado por Trump em 2 de abril, que inclui uma taxa de 20% sobre importações da União Europeia (UE), Meloni afirmou: “Não acho boa ideia revidar as tarifas do presidente Trump com as nossas.” A declaração reflete sua preferência por uma abordagem pragmática, focada no diálogo, em vez de uma escalada comercial que poderia prejudicar tanto a Europa quanto os EUA.
Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d’Italia, reconheceu o impacto potencial das tarifas americanas na economia italiana, que depende fortemente de exportações como vinhos, massas e automóveis de luxo para os EUA. Dados do ISTAT (Instituto Nacional de Estatística da Itália) mostram que, em 2023, os EUA foram o terceiro maior mercado para bens italianos, com um superávit comercial de 43 bilhões de euros. Diante disso, ela defendeu negociações para “abolir os direitos aduaneiros, não multiplicá-los”, argumentando que uma guerra comercial seria detrimental ao Ocidente em um momento de competição global com potências como a China.
A premiê, que cancelou compromissos em 3 de abril para liderar uma força-tarefa em Roma com ministros-chave, incluindo Antonio Tajani (Relações Exteriores) e Giancarlo Giorgetti (Economia), classificou as tarifas como “uma má medida”. Contudo, ela minimizou o alarmismo, afirmando que “não é a catástrofe que alguns dizem” e prometeu um estudo setorizado para avaliar os impactos reais na Itália. Sua postura contrasta com líderes europeus como Emmanuel Macron, da França, que sugeriu uma resposta mais dura, e alinha-se à sua relação amistosa com Trump, cultivada desde encontros como o de janeiro de 2025 em Mar-a-Lago.
A Itália, sob Meloni, busca posicionar-se como ponte entre a UE e os EUA, aproveitando sua influência no bloco e a proximidade ideológica com Trump. A premiê anunciou uma visita a Washington em 17 de abril para discutir o tema diretamente com o presidente americano, reforçando sua aposta na diplomacia. Enquanto isso, a UE debate uma retaliação coordenada, mas a cautela de Meloni sugere uma estratégia que privilegia a estabilidade econômica e a preservação de laços transatlânticos, em vez de um confronto aberto que poderia agravar as tensões comerciais.