Elon Musk, bilionário e influente conselheiro do presidente americano Donald Trump, causou polêmica ao condenar a decisão judicial que baniu Marine Le Pen, líder do partido francês Reunião Nacional (RN), de concorrer à eleição presidencial de 2027. Em uma série de declarações públicas em 31 de março de 2025, Musk afirmou que a sentença, que impôs quatro anos de prisão (dois com pulseira eletrônica) e cinco anos de inelegibilidade por desvio de fundos do Parlamento Europeu, é uma tática da “esquerda radical” para eliminar adversários políticos. “Quando não conseguem vencer pelo voto democrático, manipulam o sistema legal para prender seus oponentes. Esse é o manual deles no mundo todo”, disse ele, comparando o caso às batalhas judiciais enfrentadas por Trump nos Estados Unidos.
A condenação de Le Pen está relacionada a um esquema que desviou cerca de 4,1 milhões de euros entre 2004 e 2016, quando ela e outros membros do então Frente Nacional usaram verbas da União Europeia para pagar funcionários do partido na França, em vez de atividades parlamentares. O tribunal de Paris considerou Le Pen “central” no esquema, aplicando uma pena que a exclui da corrida presidencial, na qual era vista como favorita, segundo pesquisas do Ifop que indicavam 34-37% de apoio no primeiro turno. A decisão, que Le Pen prometeu recorrer, gerou reações intensas, com aliados como o húngaro Viktor Orbán e o italiano Matteo Salvini ecoando as críticas de Musk, enquanto o Kremlin sugeriu que o veredicto reflete uma “violação de normas democráticas” na Europa.
Musk, que tem apoiado figuras da extrema-direita europeia, como o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), usou sua plataforma para amplificar a narrativa de que a justiça está sendo instrumentalizada contra líderes nacionalistas. Sua intervenção no caso Le Pen reforça uma visão compartilhada por setores conservadores de que as instituições democráticas, incluindo tribunais, são usadas para suprimir vozes dissidentes. No entanto, a juíza Bénédicte de Perthuis, que presidiu o caso, defendeu a sentença, afirmando que “ninguém está acima da lei” e que a falta de remorso dos réus justificou a aplicação imediata da inelegibilidade, mesmo com recurso pendente.
O impacto da declaração de Musk vai além da França, alimentando um debate global sobre a interseção entre justiça e política. No Brasil, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, chamou a condenação de Le Pen de “ativismo judicial de esquerda”. Enquanto isso, no Reino Unido, a Free Speech Union alertou que o caso pode intensificar a percepção de que a liberdade de expressão está sob ameaça na Europa. A controvérsia expõe as divisões em um continente onde o crescimento de partidos nacionalistas enfrenta resistência de sistemas judiciais e políticos tradicionais, levantando questões sobre os limites da democracia e do estado de direito.