Em meio ao crescente fluxo migratório global, o Centro de Atendimento em Direitos Humanos (CADH) de Mato Grosso do Sul tem se destacado como um ponto de apoio fundamental para migrantes que chegam ao estado em busca de melhores condições de vida. Gerenciado pela Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead), o CADH registrou, nos primeiros meses de 2025, números expressivos: 426 orientações, 423 cadastros e 406 agendamentos para regularização migratória junto à Polícia Federal. Esses dados, divulgados em 29 de março de 2025, refletem o papel essencial do centro no acolhimento e na integração de pessoas vindas de diferentes países, com destaque para venezuelanos, bolivianos e cubanos.
O CADH, localizado na Rua Padre João Crippa, 3115, no bairro São Francisco, em Campo Grande, oferece mais de 37 serviços distintos, que vão desde orientação jurídico-social até encaminhamentos para documentação e acesso a direitos básicos. Entre as nacionalidades mais atendidas neste ano, os venezuelanos lideram com 321 registros, seguidos por bolivianos (22) e cubanos (19), além de paraguaios, peruanos e paquistaneses. Essa diversidade evidencia a amplitude do trabalho realizado, que busca atender às necessidades de uma população heterogênea, muitas vezes em situações de vulnerabilidade extrema após deixar seus países de origem devido a crises econômicas, políticas ou humanitárias.
O Brasil, que desde 2018 intensificou esforços para acolher migrantes por meio da Operação Acolhida, viu crescer a presença de estrangeiros em estados como Mato Grosso do Sul, estrategicamente posicionado na fronteira com Paraguai e Bolívia. O CADH atua como um elo entre esses indivíduos e a rede socioassistencial, oferecendo suporte para regularização documental, acesso ao mercado de trabalho e serviços essenciais como saúde e educação. O atendimento é personalizado, com agendamentos disponíveis pelo telefone (67) 3325-6365 ou pelo e-mail cadh.sead@ms.gov.br, garantindo que cada caso receba a atenção necessária.
Histórias como a de Mailene Josefina Mariluz Guerra, venezuelana de 35 anos que chegou ao Brasil há cinco anos com o marido e três filhos, ilustram o impacto do trabalho do centro. Após enfrentar fome e dificuldades extremas na Venezuela, onde a família chegou a se alimentar apenas de mangas, Mailene encontrou em Campo Grande uma nova oportunidade. “Aqui tem muito trabalho. Quem não trabalha é porque não quer. Meus filhos estudam, meu marido trabalha no frigorífico e eu estou empregada em um supermercado”, relata ela, destacando a acolhida da cidade e o suporte recebido para reconstruir sua vida.
Outro exemplo é Carine Andreia Perestabila, também venezuelana, de 34 anos, que chegou sozinha com três filhos. Paramédica de formação, ela ainda não conseguiu atuar em sua área no Brasil, mas encontrou no CADH a orientação necessária para regularizar sua situação. “Cheguei com muitas dúvidas, sem saber como proceder. Aqui fui muito bem recebida, explicaram tudo e encaminharam minha documentação”, conta Carine, que atualmente trabalha em uma pizzaria nos fins de semana para sustentar os filhos. Esses relatos mostram como o centro vai além da burocracia, oferecendo um suporte que restabelece a dignidade e abre caminhos para a integração.
O CADH não se limita a migrantes. Seu escopo abrange também idosos, crianças, adolescentes, pessoas com deficiência, refugiados e apátridas, funcionando como um espaço amplo de defesa dos direitos humanos. Em um país onde a migração é um tema sensível, o trabalho do centro em Mato Grosso do Sul reforça a importância de políticas públicas que priorizem a assistência e a inclusão, oferecendo a essas pessoas não apenas um recomeço, mas a chance de construir um futuro com segurança e oportunidades.
