O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, gerou controvérsia ao exibir, em fotos publicadas em 25 de março de 2025 em sua conta oficial no X, uma tatuagem que combina o termo árabe “kafir”, que significa “infiel” ou “não crente” no contexto islâmico, com a expressão latina “Deus Vult”, traduzida como “Deus Quer”, um grito de guerra associado aos cruzados medievais. As imagens, capturadas durante uma visita oficial, reacenderam debates sobre a postura do novo líder do Pentágono, suas convicções pessoais e os possíveis impactos diplomáticos de suas escolhas simbólicas.
Hegseth, veterano do Exército americano e ex-apresentador da Fox News, assumiu o cargo em janeiro de 2025, indicado pelo presidente Donald Trump. A tatuagem, localizada em seu braço, foi notada em fotos postadas pela conta oficial do Secretário de Defesa, mostrando-o em reuniões com militares e autoridades. O termo “kafir” é carregado de significado dentro do Islã, frequentemente usado para descrever alguém que rejeita a fé muçulmana, e pode ser interpretado como ofensivo ou provocativo, dependendo do contexto. Já “Deus Vult”, historicamente associado às Cruzadas cristãs dos séculos XI a XIII, foi adotado por alguns grupos nacionalistas cristãos e extremistas de direita nos tempos modernos, o que intensifica as interpretações controversas da tatuagem.
Por outro lado, defensores de Hegseth, incluindo figuras de grupos conservadores como a Heritage Foundation, afirmam que as tatuagens refletem sua fé cristã e sua experiência como veterano de combate, sem intenção de ofender. Eles argumentam que “Deus Vult” é uma expressão histórica de coragem militar, usada por soldados cristãos em batalhas contra o Império Otomano, e que “kafir” seria, para Hegseth, um símbolo pessoal de resistência contra o extremismo, não um ataque geral ao Islã. Em sua autobiografia de 2016, “In the Arena”, Hegseth descreve suas tatuagens como um tributo à tradição cristã e ao patriotismo americano, citando influências de sua formação religiosa e militar.
O debate ganhou força após o The Washington Post publicar, em 15 de novembro de 2024, uma análise de suas declarações anteriores, nas quais Hegseth defendeu uma “cruzada” para proteger valores “judeo-cristãos” contra o que chamou de ameaças do Islã. Essas declarações, feitas em colunas e entrevistas, sugerem que suas tatuagens podem ser interpretadas como parte de uma narrativa política e cultural mais ampla, alinhada com o movimento nacionalista cristão que ganhou visibilidade nos EUA nos últimos anos.
O Pentágono, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre a tatuagem, mas fontes internas indicam que Hegseth não pretende removê-la ou cobri-la, argumentando que ela é parte de sua identidade pessoal.