A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, voltou a acender o debate sobre identidade e valores culturais ao afirmar, em uma recente declaração, que a Europa enfrenta um processo contínuo de islamização que, segundo ela, diverge dos princípios fundamentais da civilização ocidental. Líder do partido Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia), de orientação conservadora, Meloni fez o comentário em um contexto de crescente tensão sobre imigração e integração em seu país e no continente. A fala, que ecoa posições defendidas por ela desde a campanha eleitoral de 2022, reflete sua visão de que há uma incompatibilidade entre a cultura islâmica e os direitos e valores que moldaram a Europa, como a democracia, a liberdade individual e a herança cristã.
A Itália, ponto de entrada para dezenas de milhares de migrantes que cruzam o Mediterrâneo anualmente, tem sido palco de embates políticos sobre o tema. Em 2024, o país registrou mais de 60 mil chegadas por via marítima, muitas delas de nações de maioria muçulmana, como Tunísia e Líbia, segundo dados do Ministério do Interior italiano. Meloni, que assumiu o cargo em outubro de 2022 como a primeira mulher a liderar o governo italiano, já propôs medidas duras, como bloqueios navais e a criação de centros de triagem em solo africano, para conter o fluxo migratório.
Dados do Eurostat mostram que a população muçulmana na Europa cresceu de 19,5 milhões em 2010 para cerca de 25 milhões em 2023, representando 5% do total, um aumento que alimenta tanto o discurso conservador quanto o diálogo sobre integração. Na Itália, onde a Igreja Católica ainda exerce forte influência cultural, o contraste entre tradições cristãs e a presença crescente de outras religiões segue sendo um ponto sensível, explorado por Meloni para consolidar sua base.
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