O governo do presidente Donald Trump anunciou formalmente ao Congresso dos Estados Unidos, em 28 de março de 2025, sua intenção de dissolver a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), uma instituição criada em 1961 para gerenciar a ajuda humanitária e o desenvolvimento internacional do país. A decisão, comunicada pelo Departamento de Estado sob o comando do secretário Marco Rubio, marca o fim de uma agência que, por décadas, foi responsável por distribuir bilhões de dólares em assistência a mais de 100 nações, com um orçamento anual que chegou a cerca de 40 bilhões de dólares em 2023.
A notificação ao Congresso detalha que a reestruturação será concluída até 1º de julho de 2025, transferindo algumas funções da USAID, como assistência humanitária e programas de saúde global, para o Departamento de Estado. Outras atividades, consideradas redundantes ou desalinhadas com as prioridades da administração, serão eliminadas. O plano reflete a promessa de campanha de Trump de reduzir o tamanho do governo federal e realinhar os gastos externos com a doutrina “America First”, priorizando interesses nacionais em detrimento de projetos internacionais amplamente vistos como filantrópicos.
A USAID, criada pelo presidente John F. Kennedy durante a Guerra Fria para conter a influência soviética, foi alvo de críticas recorrentes da administração Trump, que a acusou de desperdiçar recursos dos contribuintes e financiar iniciativas que não beneficiariam diretamente os Estados Unidos. Desde o início de seu segundo mandato, em janeiro de 2025, o governo implementou medidas drásticas contra a agência, incluindo o congelamento de quase todos os fundos de assistência externa e a redução de seu quadro de funcionários de aproximadamente 10 mil para menos de 300, conforme planos iniciais de revisão. Essas ações foram impulsionadas pelo bilionário Elon Musk, líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma iniciativa informal que busca cortes amplos no orçamento federal.
A dissolução da USAID não ocorre sem controvérsia. Parlamentares democratas, como o senador Chris Murphy, classificaram a medida como “ilegal e inconstitucional”, argumentando que a agência foi estabelecida por lei e só pode ser extinta com aprovação legislativa. Processos judiciais já estão em andamento, com grupos de ajuda humanitária e ex-funcionários contestando a autoridade executiva para desmantelar a instituição sem o aval do Congresso. Apesar disso, uma decisão recente da Corte de Apelações do 4º Circuito, em 28 de março, deu sinal verde temporário ao governo, adiando qualquer bloqueio imediato enquanto o caso segue em análise.
Para os defensores da USAID, o fim da agência representa uma perda significativa de influência americana no cenário global. A organização desempenhou papéis cruciais em crises humanitárias, como a distribuição de alimentos em zonas de fome e o combate a epidemias, além de fortalecer laços diplomáticos em regiões estratégicas. Críticos da decisão alertam que países como China e Rússia podem preencher o vácuo deixado pela retirada dos EUA, ampliando sua presença em nações em desenvolvimento. Por outro lado, aliados de Trump, incluindo Rubio, afirmam que a reestruturação eliminará desperdícios acumulados ao longo de décadas e concentrará os recursos em objetivos que atendam diretamente à segurança e à prosperidade americana.
O processo de transição já começou a gerar impactos práticos. Em fevereiro, a sede da USAID em Washington foi fechada, e funcionários receberam prazos curtos para esvaziar seus escritórios. Enquanto isso, organizações não governamentais e grupos de ajuda que dependiam dos contratos da agência enfrentam dificuldades financeiras, com milhares de projetos suspensos ou cancelados. A mudança também levanta questões sobre a capacidade dos EUA de responder rapidamente a desastres internacionais, como os recentes terremotos em Mianmar e na Tailândia, em 28 de março, embora o Departamento de Estado garanta que mantém estruturas para atuar em emergências.
A dissolução da USAID é um marco na agenda de Trump para reformular a política externa americana, mas seu sucesso dependerá de como o governo lidará com os desafios legais e as reações internacionais nos próximos meses. O debate sobre o papel dos EUA como líder global humanitário está longe de terminar, e a decisão pode redefinir as prioridades do país por gerações.