Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, foi escolhida para sediar a 15ª Reunião da Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS), marcada para ocorrer entre 23 e 29 de março de 2026. O anúncio, feito em 26 de março de 2025 pelo governo brasileiro e pelo Secretariado da CMS, destaca o papel crescente do Brasil nas discussões globais sobre conservação ambiental. O evento, que reunirá representantes de governos, cientistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil, será um marco para o enfrentamento dos desafios que ameaçam as espécies migratórias e seus habitats, pressionados por atividades humanas e mudanças climáticas.
A escolha de Campo Grande reflete a relevância estratégica da região, situada próxima ao Pantanal, um dos biomas mais biodiversos do planeta. O governo estadual foi oficialmente informado da decisão em 27 de março, durante a cerimônia de lançamento do Pacto pelo Pantanal, quando o ministro substituto do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, comunicou a novidade ao governador Eduardo Riedel. A conferência promete colocar o Brasil no centro das negociações internacionais, reforçando seu compromisso com a proteção da fauna silvestre migratória, como onças-pintadas, falcões-peregrinos, tartarugas marinhas e diversas espécies de aves que cruzam fronteiras em suas jornadas anuais.
A CMS, um tratado das Nações Unidas em vigor desde 1979, tem como objetivo promover a conservação de espécies migratórias terrestres, aquáticas e aviárias, além de seus ecossistemas. A COP15 será a primeira edição do evento na América Latina desde 2014, sucedendo a COP14, realizada em Samarcanda, Uzbequistão, em fevereiro de 2024. Durante uma semana, os participantes discutirão políticas e diretrizes para mitigar ameaças como a perda de habitats, a superexploração e os impactos climáticos, que colocam em risco a sobrevivência de milhares de espécies. A expectativa é que o evento resulte em compromissos globais robustos, como a proteção de corredores ecológicos e o fortalecimento de acordos internacionais.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou a importância do evento para o país. “Sediá-lo em Campo Grande reforça nosso compromisso com a biodiversidade e a preservação da fauna migratória. O Pantanal, com sua riqueza natural, é o cenário perfeito para esse diálogo essencial sobre conservação e desenvolvimento sustentável”, declarou. A proximidade com o Pantanal, que abriga cerca de 75% de sua área em Mato Grosso do Sul, também destaca a relevância local do debate, considerando que o bioma é ponto de parada para aves migratórias e lar de espécies emblemáticas ameaçadas.
O Brasil, membro da CMS desde 2015, tem fortalecido sua legislação ambiental e parcerias internacionais para proteger essas espécies, muitas das quais dependem de seus seis biomas para sobrevivência. A secretária-executiva da CMS, Amy Fraenkel, celebrou a escolha, afirmando que a COP15 em Campo Grande será uma oportunidade única para avançar em medidas transformadoras que garantam o futuro da biodiversidade global. A preparação para o evento já mobiliza autoridades locais e nacionais, que veem na conferência uma chance de projetar Mato Grosso do Sul como referência em sustentabilidade.