Em Mato Grosso do Sul, a Polícia Civil deu um passo significativo no enfrentamento à violência contra as mulheres com os avanços do Grupo de Trabalho (GT) da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Entre 7 e 21 de março de 2025, o GT apresentou resultados expressivos em seu relatório quinzenal, consolidando uma metodologia que promete mais agilidade e eficiência na apuração de crimes de gênero. Instituído em fevereiro deste ano pela Delegacia-Geral da Polícia Civil (DGPC/MS), o grupo analisou 474 ocorrências, encaminhou 28 para outras unidades, instaurou 123 inquéritos policiais e digitalizou 507 procedimentos, além de revisar mais de 3.600 novos boletins de ocorrência. Esses números refletem um esforço concentrado para reduzir o represamento de casos e garantir respostas rápidas às vítimas.
O período foi crucial para estruturar fluxos de trabalho, ampliar a infraestrutura e firmar parcerias com instituições como o Tribunal de Justiça e a Prefeitura de Campo Grande, que integram a rede de proteção às mulheres no estado. A iniciativa responde a uma demanda histórica: em dez anos, a DEAM de Campo Grande, localizada na Casa da Mulher Brasileira – a primeira do país –, registrou quase 80 mil boletins de ocorrência, um indicativo da escala do problema. O GT, composto por delegados, escrivães e investigadores, trabalha na Academia da Polícia Civil (ACADEPOL) com o objetivo de destravar inquéritos pendentes, muitos dos quais envolvem dificuldades como a localização de vítimas e agressores ou a falta de provas suficientes para avançar nas investigações.
A expectativa para as próximas semanas é ainda mais ambiciosa. O grupo planeja aumentar a tramitação de procedimentos, instaurar mais inquéritos e consolidar um painel de gestão no Sistema Integrado de Gestão Operacional (SIGO), que permitirá um acompanhamento em tempo real das ações. Além disso, estratégias integradas com outros órgãos de segurança pública e do sistema de justiça estão sendo fortalecidas, visando uma resposta mais coesa e eficaz. “Esse trabalho é um compromisso com a celeridade e a sensibilidade que esses casos exigem”, afirmou o delegado-geral Lupérsio Degerone Lúcio, destacando que a iniciativa não só organiza os processos, mas também reforça a proteção às vítimas em um estado onde a violência doméstica ainda é uma realidade alarmante.
Os avanços do GT são parte de um esforço maior do governo estadual para modernizar o atendimento às mulheres em situação de vulnerabilidade. Com 49 Salas Lilás espalhadas pelo interior e parcerias que agilizam medidas protetivas, Mato Grosso do Sul busca se posicionar como referência no combate à violência de gênero. O trabalho, que tem prazo inicial de 90 dias – prorrogáveis se necessário –, sinaliza um futuro em que a eficiência na apuração caminhe lado a lado com a garantia de justiça, oferecendo às vítimas não apenas números, mas a certeza de que suas vozes estão sendo ouvidas.