O Ministério da Educação da Itália anunciou, em 21 de março de 2025, uma medida que proíbe o uso de símbolos de gênero neutro, como o asterisco (*) e a vogal “schwa” (ə), nas escolas públicas do país. A decisão, que veta formas alternativas de escrita destinadas a indicar neutralidade de gênero, foi justificada pela pasta como uma defesa das normas gramaticais do idioma italiano. Em comunicado oficial, o ministério afirmou que tais sinais gráficos são “incompatíveis com a uniformidade da comunicação institucional” e comprometem a clareza das mensagens, alinhando-se à visão da Accademia della Crusca, principal autoridade linguística italiana, que já havia se posicionado contra essas mudanças.
A determinação reflete a postura do governo de Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Irmãos da Itália, que desde sua posse em 2022 tem defendido valores tradicionais e resistido a agendas progressistas. A medida atinge diretamente iniciativas de ativistas e linguistas que promovem a linguagem inclusiva para atender a pessoas não binárias e combater o que consideram reflexos patriarcais na gramática italiana — onde o masculino predomina em contextos mistos. O uso de símbolos como o asterisco em palavras como “car*” (em vez de “caro” ou “cara”) ou o “schwa” em “benvenutə” vinha ganhando espaço em círculos acadêmicos e juvenis, mas agora enfrenta um obstáculo oficial.
Conservadores elogiaram a iniciativa como uma proteção da identidade cultural italiana.
A Itália não é o primeiro país a adotar essa postura. Em 2021, a França baniu a escrita inclusiva nas escolas por razões semelhantes, e Buenos Aires, em 2022, restringiu seu uso em salas de aula. Na Itália, a norma entra em vigor imediatamente, mas sua aplicação prática dependerá de diretrizes específicas às escolas, que ainda estão em elaboração.