Robert F. Kennedy Jr., recentemente nomeado como Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos na administração de Donald Trump, iniciada em janeiro de 2025, está determinado a liderar uma reformulação significativa nas políticas de saúde e segurança alimentar do país. Conhecido por sua longa trajetória como advogado ambientalista, Kennedy prometeu tomar medidas drásticas para remover substâncias químicas que ele descreve como “cancerígenas” e “desreguladoras de gênero” dos alimentos, da água e do meio ambiente. Sua agenda, alinhada ao movimento “Make America Healthy Again” (MAHA), busca atender às preocupações de uma parcela da população sobre a exposição a compostos artificiais e seus impactos na saúde pública.
Entre os alvos de Kennedy estão os chamados disruptores endócrinos, como o herbicida atrazina, amplamente utilizado na agricultura americana. Ele cita estudos que mostram que a atrazina, em experimentos laboratoriais, causou alterações hormonais em anfíbios, como a feminização de sapos machos. Embora especialistas, como a professora Andrea Gore, da Universidade do Texas, afirmem que não há evidências de que esses efeitos se apliquem a humanos, Kennedy insiste que tais substâncias representam um risco subestimado, especialmente para crianças. Além disso, ele planeja revisar o uso de aditivos alimentares artificiais, como corantes sintéticos e conservantes, que são proibidos em países como os da União Europeia devido a possíveis ligações com câncer e outros problemas de saúde.
Outro foco de sua campanha é a fluoretação da água potável, prática adotada nos EUA desde os anos 1960 para prevenir cáries. Kennedy argumenta que o flúor, um subproduto industrial, está associado a doenças como artrite, câncer ósseo e distúrbios neurológicos, embora a comunidade científica sustente que os níveis atuais são seguros e benéficos. Ele já declarou que, sob sua gestão, o governo Trump recomendará a remoção do flúor dos sistemas públicos de água a partir de 20 de janeiro de 2025, uma medida que enfrenta resistência de especialistas em saúde pública.
A estratégia de Kennedy inclui pressionar a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) para encerrar a brecha conhecida como “Generally Recognized as Safe” (GRAS), que permite que empresas introduzam novos aditivos alimentares sem revisão prévia da agência. Em março de 2025, relatos indicam que ele se reuniu com executivos de gigantes alimentícios, como Kraft Heinz e General Mills, exigindo maior transparência e a eliminação de ingredientes potencialmente tóxicos. A indústria, representada pela Consumer Brands Association, respondeu com cautela, defendendo a inovação, mas se mostrando aberta ao diálogo.
O plano de Kennedy também abrange a redução de pesticidas como o glifosato, classificado como “provavelmente carcinogênico” pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, embora a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) discorde dessa avaliação. Sua visão reflete um apelo a valores tradicionais de proteção à saúde e à soberania individual, ressoando com apoiadores que veem na agricultura industrial e nos alimentos ultraprocessados uma ameaça silenciosa. Críticos, no entanto, alertam que tais mudanças podem comprometer a segurança alimentar e aumentar custos, enquanto questionam a base científica de algumas de suas alegações.
À medida que Kennedy avança, sua influência no Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que supervisiona agências como a FDA e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), promete gerar debates intensos. Seus defensores celebram a ousadia de desafiar interesses corporativos, enquanto opositores temem que sua abordagem, por vezes ancorada em teorias controversas, possa minar décadas de avanços em saúde pública.
