A Câmara Municipal de Curitiba aprovou, na quarta-feira, 12 de março de 2025, uma moção de apoio à evangelização promovida pelo Frei Gilson da Silva Pupo Azevedo, de 38 anos, sacerdote da congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo. A proposta, apresentada pelo vereador Bruno Secco (PMB), foi aprovada por votação simbólica, sem debates em plenário, e destaca o trabalho do religioso nas redes sociais, onde ele reúne milhões de fiéis em transmissões ao vivo durante as madrugadas da Quaresma. A decisão, no entanto, ocorre em meio a uma intensa polarização política e social, com o frei no centro de um embate entre bolsonaristas e setores da esquerda.
Frei Gilson, que tem mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e 6,75 milhões no YouTube, ganhou notoriedade ao conduzir lives às 4h da manhã, como o Rosário da Madrugada, que chegou a atrair 1 milhão de espectadores simultâneos. Sua popularidade disparou ainda mais entre a terça-feira de Carnaval e 13 de março, com um aumento de 1,35 milhão de seguidores no Instagram, 710 mil no YouTube e 180 mil no TikTok, segundo dados de consultorias especializadas. Esse crescimento coincidiu com uma polêmica desencadeada por declarações antigas do frei, resgatadas por internautas, nas quais ele afirmou que as mulheres foram criadas para “curar a solidão do homem” e pediu que “os erros da Rússia” – uma referência ao comunismo – não afetassem o Brasil.
O vereador Bruno Secco justificou a moção alegando que Frei Gilson tem sido alvo de “mensagens de ódio” nas redes sociais, atribuídas a “militantes da esquerda” que, segundo ele, tentam associar o religioso ao “bolsonarismo” de forma equivocada. Secco defendeu que os valores pregados pelo frei, como a defesa da família, liberdade e propriedade privada, são suprapartidários e inerentes à fé cristã. O apoio ao sacerdote também foi reforçado por figuras conservadoras, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 9 de março publicou uma mensagem de solidariedade que se tornou a postagem mais mencionada no X naquela semana, conforme dados da consultoria Bites. Políticos como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Michelle Bolsonaro também manifestaram apoio, enquanto parlamentares aliados ao presidente Lula criticaram as falas do frei, intensificando o debate.
A polêmica ganhou força a partir de 8 de março, Dia Internacional da Mulher, quando o volume de menções ao Frei Gilson em grupos de WhatsApp e Telegram aumentou significativamente, passando de 5 para 55 a cada 100 mil mensagens em dois dias, segundo a consultoria Palver. Além da moção em Curitiba, outras Câmaras, como as de Cuiabá, São Bernardo e São José dos Campos, também aprovaram moções de apoio ao religioso, enquanto o deputado federal Eros Biondini (PL-MG) solicitou uma moção de louvor na Câmara dos Deputados.
Embora o Frei Gilson não tenha manifestado apoio explícito a Bolsonaro em suas pregações, suas falas conservadoras – como críticas ao aborto e ao comunismo – alinham-se a bandeiras bolsonaristas, o que alimenta a percepção de proximidade. Parlamentares da bancada católica, como Luiz Gastão (PSD-CE), defendem que o frei apenas exerce seu direito de expressar sua fé, enquanto críticos, como o deputado Padre João (PT-MG), questionam suas visões sobre o papel da mulher e outras pautas sociais.