Assine Agora

Edit Template

Folha Do MS

STF Invalida Lei de Mato Grosso e Levanta Debate Sobre Segurança no Campo

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, em decisão unânime concluída em 28 de fevereiro de 2025, a inconstitucionalidade da Lei nº 12.430/2024 do estado de Mato Grosso, que estabelecia punições severas para invasores de propriedades privadas, tanto rurais quanto urbanas. A norma, sancionada pelo governador Mauro Mendes em fevereiro de 2024, proibia os infratores de acessar benefícios sociais, assumir cargos públicos ou contratar com o governo estadual. Para muitos produtores e cidadãos do estado, a lei representava uma resposta necessária ao aumento das invasões de terra, mas o STF viu nela uma afronta à competência legislativa da União.

A decisão, relatada pelo ministro Flávio Dino, baseou-se no argumento de que apenas o governo federal pode legislar sobre direito penal, conforme o artigo 22 da Constituição. Dino destacou que a lei estadual criava sanções adicionais para crimes já previstos no Código Penal, como violação de domicílio e esbulho possessório, invadindo uma prerrogativa exclusiva do Congresso Nacional. A Procuradoria-Geral da República (PGR), que propôs a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7715 em setembro de 2024, também apontou que a medida gerava insegurança jurídica e conflitava com normas federais sobre licitações.

A derrubada da lei reacende preocupações entre os que defendem a propriedade privada como pilar essencial da ordem social. Em Mato Grosso, um dos maiores produtores agrícolas do país, invasões têm sido um problema recorrente, especialmente em áreas rurais. O governador Mauro Mendes, ao sancionar a lei, declarou que ela alinhava-se à política de “tolerância zero” contra ocupações ilegais, iniciada em 2023. Setores como a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) apoiaram a iniciativa, argumentando que ela oferecia “segurança jurídica e tranquilidade” aos trabalhadores do campo, frequentemente expostos a prejuízos causados por ocupações desordenadas.

Por outro lado, a decisão do STF é vista por alguns como uma garantia do equilíbrio federativo, evitando que estados criem suas próprias versões de direito penal. A suspensão inicial da lei por Dino, em setembro de 2024, já havia gerado reações mistas: enquanto proprietários rurais lamentaram a perda de uma ferramenta de dissuasão, outros alertaram para os riscos de punições desproporcionais afetarem populações vulneráveis dependentes de auxílios sociais. O julgamento final no plenário virtual do STF, encerrado há pouco mais de uma semana, solidifica essa visão, mas deixa em aberto o desafio de como lidar com as invasões sem ferir a Constituição.

O impacto da decisão vai além de Mato Grosso, servindo de alerta a outros estados que buscam soluções locais para problemas similares. Enquanto o agronegócio clama por medidas que protejam seus investimentos, a ausência de uma legislação federal atualizada sobre o tema mantém o debate vivo. A tensão entre segurança no campo e os limites do poder estadual promete continuar no centro das discussões políticas e jurídicas.

Gustavo De Oliveira

Escritor

Recentes

  • All Posts
  • Ciência
  • Crime e Justiça
  • Economia
  • Educação
  • Entretenimento
  • Esportes
  • Mato Grosso Do Sul
  • Meio Ambiente
  • Mundo
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
Edit Template
Você foi inscrito com sucesso! Ops! Algo deu errado, tente novamente.

Links Rápidos

Termos e Condições

Política de Privacidade

Postagens Recentes

  • All Posts
  • Ciência
  • Crime e Justiça
  • Economia
  • Educação
  • Entretenimento
  • Esportes
  • Mato Grosso Do Sul
  • Meio Ambiente
  • Mundo
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia

Contate-Nos

© 2024 Folha Do MS. Todos os direitos reservados.