O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, teria alertado autoridades mexicanas de que, se o México não combater a suposta conivência entre seu governo e os cartéis de drogas, o país está pronto para adotar uma ação militar unilateral. A declaração, noticiada em 2 de março de 2025 por veículos como The Guardian e Newsweek, foi feita durante conversas com o secretário de Defesa Nacional do México, general Ricardo Trevilla Trejo, e o secretário da Marinha, almirante Raymundo Morales Ángeles, segundo um comunicado do Departamento de Defesa dos EUA publicado em seu site.
Hegseth, nomeado por Donald Trump e empossado em 2025, teria enfatizado que a escalada do tráfico de drogas, especialmente fentanil, representa uma ameaça direta à segurança nacional americana. “Se o México não agir para desmantelar os laços entre cartéis e autoridades corruptas, os EUA estão preparados para tomar medidas decisivas, incluindo operações militares, para proteger nossas fronteiras e cidadãos”, teria dito o secretário, segundo fontes próximas às negociações. O Departamento de Defesa, no entanto, não detalhou a natureza ou o alcance dessas operações, mas especialistas citados pelo The Guardian sugerem que referências a “unidades de guerra ao terror” indicam possíveis ações de forças especiais, como as usadas contra o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.
A declaração ocorre em um contexto de crescente tensão bilateral. Desde a posse de Trump, os EUA intensificaram a pressão sobre o México para conter o tráfico de drogas, com o governo mexicano negando publicamente qualquer conivência sistêmica com cartéis, como o Sinaloa e o Jalisco Nova Geração. Em janeiro de 2025, o presidente mexicano, Claudia Sheinbaum, havia rejeitado uma ameaça anterior de Trump de impor tarifas de 25% sobre produtos mexicanos caso o tráfico não fosse controlado, chamando-a de “ingerência inaceitável”. Agora, a menção a uma intervenção militar eleva o tom, levantando preocupações entre analistas sobre possíveis retaliações, incluindo ataques a turistas americanos ou alvos diplomáticos no México.
O comunicado do Departamento de Defesa, intitulado “Readout of Secretary of Defense Pete Hegseth’s Calls With Mexico’s Secretary of National Defense and Secretary of the Navy”, descreve as conversas como “introductory”, mas menciona “discussões sobre cooperação em segurança regional e combate ao tráfico de drogas”. No entanto, fontes anônimas do governo mexicano indicaram ao The New York Times que a proposta de ação unilateral foi recebida com “indignação”, com autoridades mexicanas considerando-a uma violação da soberania nacional.